JÁ NÃO TEMOS TEMPO
Ousamos o impossível
Rompendo barreiras
Acreditando.
Viajamos nos sonhos
Seguindo alados
Em uma só procissão.
Ao buscar nos sentidos
A causa maior
Que habita o humano.
Fundamos a utopia
No seio materno
Da grande nação.
De incontáveis perdas
Projetamos caminhos
Seguindo uma crença.
Buscando no infinito
Razões que o coração
Selou como destino.
Viu-se e viveu-se tudo
Acreditando no fim
Que nunca existiu.
Continuando, prosseguindo
Vendo que o novo
Ainda sorria.
Na entrega total
Continuou-se no caminho
Que não podia parar.
Já sem tempo assistiu-se
Alvissareiros momentos
De prelúdio intenso.
Das chegadas/partidas
Encontrando o passado
Que é um presente.
Pra reviver nos tempos
O tempo que não se tem
Em um novo tempo.
Repete-se como outrora
Verdades e consensos
Que não dizem nada.
Vislumbram-se intolerâncias
Projetando os homens
Em sua insignificância.
Interpretam-se fenômenos
Indicando luzes
Na escuridão.
Surgindo da escória
Pretensos profetas
Da iluminação.
Conduzem ao caos
Numa digressão
De infinita barbárie.
Na nova/velha ordem
Aniquilando o simbólico
Trucidando a paixão.
O que fazer do humano
Ó capital
Do poder tecelão.
Se da esperança incontida
Transforma em infértil
O poder da nação.
Se perderes a raiz
Já não representa
A grande matriz.
Que neste continente
Preserva a memória
De corpos no chão.
Diferente é a cor
Do sangue que jorra
Nos tempos de agora.
Da luta travada
De grandes guerreiros
Dos tempos de outrora.
Difícil dizer
De muitos amores
De grandes paixões.
Vividos na luta
Varando nos tempos
A grande ilusão.
No eterno retorno
Do sonho, da fala
Da semente ao chão.
Restou-me plantar
A esperança perdida
Nos punhos, na mão.
Se perguntas do destino
Respondo incontido
Com muita utopia.
Com sorriso maroto
De menino atrevido
Vivendo a ilusão.
Renego a atopia
Que propagam nos templos
De deuses profanos.
E vivo a alegria
De minhas histórias
De muitas paixões.
COELHO, Hélio Mendes, março de 2015.
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