Cansei de modinha...
É muito blá blá blá para pouco papo útil. E tem quem chame isso tudo de pós-modernidade. Não. Comigo não. Comigo o buraco é mais embaixo (sim, esse é mais um daqueles meus posts-desabafo; sem eles eu já teria surtado há tempos!).
Cansei. Cansei mesmo. Cansei de tudo. E quando digo tudo, refiro-me a tudo que está por aí disfarçado de moderno, de atual, de contemporâneo, mas que não passa de moda babaca e passageira.
Cansei de bobalhões posando de formadores de opinião, quando na verdade não passam de embusteiros, sofistas dos tempos modernos, enganadores, charlatões de grife. E pior: estão ganhando cada dia mais e mais espaço na mídia, na internet, na vida privada, nas capas de revistas, no cinema, no teatro, na literatura, na programação televisiva, etc etc etc milhões de etcs.
Cansei de mulheres musculosas, marombadas, cujo único desejo é competir com o universo masculino (ah que saudade da Valéria Monteiro e da Luciana Vendramini, eterna Garota do Fantástico!), querendo posar de musas fitness e exemplos de corpo perfeito. Por que é que um corpo perfeito na visão do século XXI precisa ser sinônimo de corpo deformado? Pra cima de mim, não! Não, senhor!
Cansei de políticos salafrários, esse papo torpe de estado religioso com pastores evangélicos calhordas posando de baluartes da moral e dos bons costumes enquanto esvaziam os cofres públicos a três por quatro. "E ainda se dizem homens de Deus!", grita minha tia toda vez que ouve o nome de qualquer um deles num telejornal desses diários que só mostram os mesmos pilantras cometendo os mesmos crimes. E não bastasse tudo isso ainda por cima inventaram essa falácia do "não sou político, sou gestor", associada à homens e mulheres que usam sua imagem de famoso para enganar os pobres eleitores. Eles já fazem isso em seus programas de tv e em suas vidas privadas: posam de bom moço, mas é aquele ideologia morde-e-assopra de sempre. Pro inferno com todos eles!!!
Cansei do rumo que a cultura pop do Brasil e do mundo (leia-se: mercado de entretenimento) tomou nos últimos anos, repleta de musicais babacas e stand up comedies no teatro - quem foi que inventou esse troço, pelo amor de Deus? -, falso humor romantizado e filmes de cunho pseudo religioso no cinema e exposições-homenagem sobre artistas que, em muitos casos, não merecem tal homenagem porque não têm história nenhuma para contar ou obra nenhuma para ser lembrada.
Cansei de auto-ajuda, livros de colorir, livros de youtubers, não-livros (você sabe... Aqueles livros do tipo Destrua este diário, cheio de páginas em branco para o "leitor" completar a história. Deu pra entender? Pois é... Nem eu), sendo chamados de literatura em plena terra de Machado de Assis, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa e Mário de Andrade. E mais: ganhando pecha de best-sellers. E eu que achava que best-seller tinha alguma coisa a ver com mérito!
Cansei do nosso futebol que nada mais representa do que o poder econômico da FIFA, de nossos desportistas olímpicos a serviço de grandes corporações ou forças armadas, de nossos ídolos virarem sinônimos de pessoas antipáticas, cheias de marra, que não estão nem aí para os problemas do país e ainda querem posar de patriotas entre um comercial milionário e outro. Deus, perdoai-os! Mas que eles sempre souberam o que estão fazendo, ah isso sempre souberam...
Cansei dessa sensação de impotência que perpassa por todo o meu corpo e que já dura pelo menos uma década (o país parece que entrou num processo de lobotomia nesse início de novo século).
Cansei de vizinhos umbiguistas, patrões inescrupulosos, policiais arrogantes posando de heróis da pátria, favelados metidos a humildes (uma nova Black Friday está vindo aí; prestem atenção nas carinhas "angelicais deles, que invadirão os shoppings atrás de ofertas), essa classe média que nada mais é do que pobre com vergonha de se ver rotulado com pobre, essa demagogia de metrossexual, homossexual, transexual, LGBT e todo o ostentacionismo e exibição que eles trazem em seu bojo.
Cansei de Fla x Flu arranjado, de todo dia um 7 a 1 diferente goela adentro da população, de reforma disso e daquilo e do povo tomando fumo diariamente para sustentar os vícios e os luxos de uma elite medíocre e enfadonha.
Cansei, cansei, cansei...
E cansei também de escrever este artigo que poderia dar um livro grosso se eu quisesse passar os próximos 30 dias por aqui. Assunto é o que não falta para detonar o país e quem nele habita.
Regredimos, recuamos, nos acovardamos, quando muito batemos panelas (o que não dá em nada). No geral: empobrecemos. Culturalmente, socialmente, politicamente, musicalmente, cinematograficamente, esteticamente e economicamente.
E não fazemos nada para mudar este cenário. Viramos moda. Modinha, no diminutivo mesmo. E uma modinha que não quer passar de jeito nenhum.
E aí? Dá para não cansar?
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