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O PRECONCEITO
Sérgio Clos

Este é um tema recorrente, mas nunca será destrinchado no todo.
Estamos carecas de saber que existem preconceitos diversos, tais como o racial, político, social, religioso e tantos outros. Detenho-me no preconceito velado contra a terceira idade. Aliás, até hoje não consegui definir com clareza em que época da vida essa idade começa.
Para uns começa cedo e para outros começa bem tarde. Não acreditem nos dados oficiais, são meramente demarcatórios para efeitos legais.
Comecei a ter tal experiência já há algum tempo, pois sou um bom observador. Quantas vezes eu sofri na carne este preconceito. Não é ruim e nem bom. Sempre tiramos de letra e não nos incomodamos.
Certa feita, eu convidei uma senhorinha para um café expresso. Para trocar ideias e bater papo. Coisas normais da leveza da vida. Não havia da minha parte algo que não fosse apenas um encontro de gerações diferentes, com o intuito de partilhar experiências. Apenas. Notei que, depois de algumas investidas minhas e desculpas de sua parte, o encontro não ocorreu. Fiquei matutando a respeito e algo me veio na mente sobre alguma coisa sobre preconceito pela idade.
A linda balzaquiana de olhar sereno e voz doce, inconscientemente, cedera ao preconceito que existe nas relações humanas.
Não me dei por vencido e fui ao espelho, meu eterno confidente. Ele foi real e cruel comigo desta vez. Até falou em voz clara sobre as mudanças irreversíveis. Mostrou-me as rugas. Fez-me puxar as bochechas para ver as marcas do tempo. O semblante já não era mais o mesmo. Os fios de prata que emolduravam aquela peça de museu sobre os meus ombros, denunciavam peremptoriamente o estrago que a longa jornada sob o sol, cigarro, e outras intempéries da vida, fizeram. Não tem como mudar o passado. E foi isto que ela viu e eu ainda não tinha a minha ficha caída. Erro meu.
Todavia, sou guerreiro e não me entrego jamais. Sou um homem bom. Tenho uma vivência repleta de aventuras.
A Morena de Sorriso Largo e Olhos Esbugalhados sempre me liga pedindo conselhos e orientação. Ela nunca cedeu aos meus encantos, mas nunca deixou de conversar comigo e pedir um ombro amigo. Ela viu o que poucas pessoas viram neste corpo velho e decadente: Beleza interior. (Pra homem soa como uma boiolice.) Mudarei então: Algumas pessoas nunca repararam no meu valor como ser humano. Ufa! Agora melhorou.
Aprendi que, embora sejamos tratados com educação pelos jovens, nunca devemos ultrapassar a linha vermelha. Devemos deixar que eles viessem até nós para conversar e se aconselhar. Jamais invadir os seus espaços. São mundos diferentes com aprendizados diferentes.
Todavia, a bonita senhorinha da face serena e voz doce perdeu uma grande oportunidade de bater um bom papo com esse “velho” experiente.
Ganhei eu. Mais experiência sobre a vida.
Doravante, minhas relações serão com as pessoas da minha idade.
Afinal, para nós, um cafezinho e um bom papo sempre serão um grande evento.
Clos   


Biografia:
Cronista e articulista. 64 anos
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