Quando perdi minha alma minha consciência ficou a deriva por um oceano inteiro de dúvidas. Cada monstro que pelo mar vinha podia ser um sofrimento ou até mesmo uma memória de antigamente. As sereias que raramente vinham próximas a praia era o éco distante do chamado do universo para mim gritando para que eu voltasse, para que eu não sentisse medo.
Eu costumava dizer a mim mesmo que o o mundo era flores, que triste, dessa ideia só tive desabores, e só tristezas. Em quanto eu dormia perdido nas correntesas eu podia sentir o polir desenfreado do sol em minha pele, havia algo mais em mim, havia uma alma. E ela gritava: vamos, volta! Vês a parte boa da vida uma vez mais. E eu falava: minha alma, por favor não me grita, por favor, sem pânico, mas o panico estava ali e ele não calava, apenas trovejava como um canto doce de tilintar os ossos em busca de minha perdida e ferida alma.
Sobe as aguas do mar, repousava minha triste alma, ela era eufórica e se despedia de mim.
-te quero, eu disse para ela, não se despessa assim de mim! Fica aqui!
E ela teve clemência e ficou e ficou e polia todas minhas feridas com memórias boas do passado que não estavam feridas, tudo aquilo era ótimo, tudo desenfraedo e precoce e eu notei então que minha alma não pertencia só a mim, mas ao mundo e que sem pessoas naquele mar, eu não haveria de alma encontrar, ficaria perdido, ficaria ilusório.
Pois sem outros nas correntesas somos que ilusões de nós mesmos, ilusões que não se calam, mas que viram tempestades abranjentes capazes de nos levar a demência. Sem os outros não temos almas, sequer pensamos sem eles, tão pouco vivemos.
Quando reencontrei a minha alma ela estava junto à algumas pessoas e ela sorria para mim junto a elas, e eu disse: pois todos vocês são as estrelas de verdade junto a esse mar-agradecido.
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