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O ALTO PREÇO DOS PARASITAS SOCIAIS PARTE 3 DE 3
Quase sempre quem menos produz é quem mais leva vantagem
ANTONIO FERREIRA BISPO

Resumo:
Se prestarmos atenção, estamos trabalhando para manter aqueles que deveriam trabalhar para nós.

Uma análise comparativa entre produção, remuneração e ofício
*Por Antônio F. Bispo
Ressalto mais uma vez, que se não entendermos o sentido da palavra SOCIEDADE, ficaremos a pôr a culpa em todo tipo de sistemas ou criaturas, inclusive transferindo nossas responsabilidades aos seres que povoam o imaginário coletivo ensinado pelas religiões e teremos sempre um bode expiatório para pormos a culpa de nossa incapacidade de gerir recursos ou de pelo menos de se rebelar contra o comodismo, escravidão disfarçada de benesses e parasitismos sendo tratado como um estilo de vida invejável. É analisando a causa que podemos mudar o efeito. Para uma sociedade justa, todo cidadão tem direitos e deveres, e não apenas direitos.
Em nossa sociedade, é questionável como as alianças políticas são formadas e o modo como os recursos financeiros são distribuídos, para que de certa forma, se faça manter no poder, pessoas que literalmente deixam expostas suas intenções maléficas. Os que se dizem representante do povo, na grande maioria dos casos, não estão preocupados em gastar seu tempo e reverter os altos valores recebidos pelos seus cargos em funções sociais a nível coletivo, antes sim todos eles trabalham para eleger alguém que estar a um nível maior acima de si para crescer um pouco mais, ou para manterem pessoas abaixo de si para que lhes sustentem. Se os tais não puderem subir, querem pelo menos se manter onde estão. Desse modo, financiam suas estadias no poder pelas relações corruptas de troca de favores entre si, ou entre pessoas influentes na sociedades, a exemplo de líderes comunitários que de certo modo vendem currais eleitorais em troca de favores pessoais.
Desse modo, a cada dois anos vemos as mesmas cenas se repetindo, a começar pela classe dos políticos que estão de certa forma em um nível menor e mais próximo do povo, o vereador por exemplo, no período de campanha, se relaciona com todos e são amigos de todos e prometem trabalhar para o povo. Quando eleitos, a maioria destes passam a trabalhar para os deputados, que estão a um nível acima desses, e como em nosso país as eleições se intercalam em dois anos entre os poderes, um vereador eleito, passará os próximos dois anos de seu mandato, adotando um deputado como pai, projetando a imagem deste no município, para que o mesmo seja eleito, e posteriormente contribua de certa forma para sua próxima campanha de reeleição. O povo que o ajudou a chegar naquele nível, passa a ser esquecido e quem nada fez para projeção daquele político é quem fica com a atenção deste outro. A partir dos resultados das eleições vemos políticos trabalhando exclusivamente para políticos e não políticos trabalhando para o povo. Elegemos pessoas que fazem votos de trabalho social, mas que de fato, depois de eleitos, se preocupam apenas em sustentar um ao outro naquilo que de mais podre há no poder.
Por sua vez, os deputados depois de eleitos, parecem ocupar dois terços do seu tempo de oficio, apenas articulando e mancomunando alianças, para se protegerem mutuamente de possíveis penalidades usando as brechas da lei ou para eleger ou derrubar senadores, que por sua vez terá um peso decisivo para decisões em eleições presidenciais. A política então deixa de ser a arte de governar para o povo e em favor do povo, e passa a ser a arte de usar os recursos públicos para benefício dos poderes envolvidos, defendendo-se, protegendo-se ou atacando-se uns aos outros usando a máquina pública como arsenal de guerra e nós quem financiamos tudo isso.
Esse modelo de aliança, faz com que outros recursos sociais que deveriam ser acessíveis a todos os cidadãos sejam gastos ou direcionados em demasia aos que deveriam gerir os recursos públicos. Uma classe de pessoas que são pagos para resolver ou amenizar problemas sociais, estão de certa forma gerando problemas e tomando em demasia a atenção de vários setores que fazem a sociedade funcionar. Como filhos rebeldes e desordeiros, dão mais trabalho do orgulhos aos seus genitores. Estamos pagando para que um punhado de homens criem problemas e paguem pelas soluções ou paguem para se manterem livres de suas penalidades, fazendo tudo isso usando os próprios recursos públicos, ou alianças formadas tendo os benefícios da máquina pública como moeda de troca entre ambos.
Desse modo, juízes realmente sérios perdem muito tempo julgando dezenas de causas de políticos que se atacam um ao outro no intuito apenas de deixarem seus “inimigos” inelegíveis para as próximas eleições. Do mesmo modo as forças de inteligência policiais e forenses, poderiam ocupar mais tempo investigando crimes do dia a dia para pôr atrás das grades sociopatas, mas perdem muito tempo gravando conversas de políticos, para depois de todo trabalho feito “terminar em pizza”.
No modelo de política que atualmente estamos vivenciando, quem sabe pelo menos 1 terço dos recursos públicos, de assistência jurídica, e de atenção das forças policiais tem sido gastos apenas com a classe política ou judiciaria, de uma ou de outra forma. Quase um terço dos recursos ou atenção dos poderes, sendo gastos com um percentual que não representa nem 1% da população total. Ao invés de eles trabalharem para a sociedade, a sociedade é quem paga para os manter nesse patamar. Nosso modelo social, assemelha-se de certo modo ao infortúnio que vivem genitores humildes, que passaram fome ou dificuldade para darem estudo e cultura um filho, e depois de formado esse mesmo garoto só dá desgosto aos pais. Assim, nossa sociedade “dar à luz” a políticos, que depois de grandinhos vão trazer vergonha, dessabor e opressão exatamente para quem os gerou.
Nesses moldes, o papel social de um político deixa de ser o de contribuir com seu oficio para o benefício de todos, como deveria ser o papel de qualquer indivíduo que vive em sociedade, e ocupam apenas seu tempo para contribuir com o seu grupo em particular. Boa parte destes, não assinam um projeto sequer em benefício do povo, sem que antes não seja lhe ofertado propina, ou favores para o partido. Parecem que depois de declarado empossados, cria-se um pacto sinistro entre eles onde o principal objetivo é se manter no poder, custe o que custar, nem que para isso seja preciso fazer sangrar toda uma nação. Nesse estilo de “governar” vemos constantemente, em períodos que se aproximam as eleições, políticos delatando ou revelando os podres uns dos outros, não por que queiram fazer justiça ao seu oficio de fiscal social e servidor da população, mas por que sabem que denegrir a imagem a alheia é um dos caminhos mais rápidos para a própria eleição.
Depois de uma simples observação como esta, é triste admitir que o povo gosta de escândalos. Comentar apenas 1 erro de uma pessoa qualquer, é mais prazeroso e produtivo que comentar 100 acertos dessa mesma pessoa, principalmente se for um político. Assim, muitos dos que se dizem lutar pelo povo, passam 4 anos inteiros comendo no mesmo prato com os corruptos, sendo coniventes de toda sorte roubalheiras, e somente ás vésperas de uma nova eleição é que decidem delatar o corruptor como se eles mesmos fossem uns anjinhos! Depois batem no peito, e dizem que estão fazendo isso por que se preocupam como povo. Ah, vão catar coquinhos! Faça-nos um favor! Deixem de hipocrisia! Quem se preocupa com o bem estar social e com a correta aplicação dos recursos públicos, se preocupa em fiscalizar os mesmos durante toda a gestão, e não apenas em períodos eleitorais para se promover! Durante 4 anos inteiro ficam caladinhos, faltando alguns meses para uma próxima eleição começam a expor esquemas de corrupção que vem se arrastando desde o início da posse que incluíam eles mesmo! É muita “preocupação como o povo”! É muita “honestidade”.
   Se compararmos a quantidade de horas úteis empregada em função do exercício de um político, com um cidadão comum por exemplo, veremos que não há nada mais injusto no papel social do que isso se julgarmos quem realmente “vale o pirão que come”.
Um cidadão comum por exemplo nas grandes capitais, trabalham de 8 a 12 horas por dia, 6 dias por semana, pagam transporte para irem e virem do trabalho e tem de almoçar fora de casa e não ganham auxílio moradia. Vereadores por outro lado, se reúnem apenas duas ou três vezes por semana, sendo que as reuniões geralmente duram cerca de 3 horas apenas, e a depender da cidade, ganham 8 vezes mais que um cidadão comum, e em alguns casos ainda ganham auxílio moradia, combustível, alimentação ou viagem.
A justificativa que mais se usam para defender tais rendimentos, é que gastam parte de seus salários ajudando o povo com remédios e contas básicas de consumo. Se isso for realmente verdade (em cidades do interior essa cultura é comum, achar que vereador eleito é pra pagar remédio ou conta de luz atrasada dos eleitores.) este é um mal que deve ser estancado da mentalidade daqueles que vivem de migalhas. Se os recursos públicos forem aplicados de forma correta, nenhum vereador precisa gastar seu salário pessoal fazendo “favores” a quem quer que seja. Políticos são representantes e fiscais do povo e não santos milagreiros.
Há outros porém, os que realmente fazem jus ao cargo que ocupam pelo envolvimento social e se dedicam integralmente a uma comunidade, trabalhando até a exaustão e tendo como paga a ingratidão coletiva por que “não foi sabido”. É provado que quem mais trabalha, mais “se ferra” e quem vive apenas de discursos vazios leva maior vantagem. Mas como a dignidade e a mercadoria de maior valor de alguns poucos, cada um dá o que tem. É perceptível também, que a maioria dos eleitores não se importam nem acham errado um político desviar recursos públicos para fins pessoais, desde que esse mesmo tenha dividido um pouco com seus comparsas, ou tenham feito projetos sociais que gerem migalhas continuas, ao invés de gerar soluções permanentes. Roubar e dividir não tem problema. Roubar e ficar pra si só não pode! Muitos descaradamente dizem isso em qualquer hora e lugar, inclusive diante das câmaras quando são entrevistados.
Ainda na questão comparativa de oficio e remuneração, deputados e senadores por sua vez, em sua maioria, se reúnem (quando se reúnem) algumas vezes por semana para trocarem farpas, medirem o nível de testosterona ou progesterona entre eles mesmos e tentar denegrir a imagem um do outro, ou ver quem passa mais ridículo diante das câmaras, sendo que ganham até 100 vezes mais que um trabalhador comum, e ainda assim recebem vários tipos de auxílios como moradia, alimentação, viagem, combustível, propina, etc, etc, etc...Uma quantidade muito pequena de horas uteis trabalhadas em relação a um cidadão comum, que trabalha muito mais, e não tem nenhum tipo de auxilio legal ou ilegal. As demais horas trabalhadas, quando trabalhadas, são apenas para articular meios de se manterem no poder, se reunindo e planejando o caminho mais visível para expor os podres dos outros e ocultar os seus próprios.
   A farra maior, é quando alguém acima deles estar prestes a perder o poder se for julgado pela maioria. A grana rola solta nesses casos! Não deveriam serem remunerados pelo povo quando estão apenas trabalhando em função de si mesmo. Somente as horas uteis de serviços prestados visivelmente a população deveriam ser contabilizados. Horas trabalhadas apenas para articular meios de se manterem no poder ou protegerem um ao outro de possíveis sanções judiciais não deveriam ser remuneradas. Alguns destes, se comportam como se estivessem em algum reality show, pois chamam a atenção do público fazendo barracos desnecessários, não produzindo algo útil a ninguém, apenas aumentando a audiência de meios de comunicação de igual modo barato. Outros políticos, se comportam como grandes ilusionistas, realizando obras, que só existem nos bastidores, que podem ser desmascaradas facilmente com uma simples observação do telespectador quando encontram o “coelho” no fundo da cartola e percebem que todas as obras de tais políticos encenadas nas campanhas não passaram de um truque de edição de imagens.
Algumas pessoas acreditam que a construção de enormes fábricas trarão progresso a uma região. Até certo ponto isso é verdade, pois quanto menos as pessoas dependerem de empregos que estejam relativos ao setor público ou menos dependam de programas sociais, menos os indivíduos serão massa de manobra de gente mal intencionada. Mas a grande verdade é, que o progresso só pode surgir, quando aprimorarmos nossas relações, deixamos de nos vendermos por qualquer tostão, e olharmos a sociedade como um todo, como agentes de causa e efeito social e não como um ser exclusivo, digno de ser agraciado por ter escolhido esse ou aquele partido político, esse ou aquele grupo religioso. As sociedades que mais crescem ou se tonam mais sólidas, são as que prezam deveres e direitos e não apenas direitos.
Do mesmo modo que as pessoas se relacionam com o deuses, procurando fazer todo tipo de oferenda para levar vantagens sobre outros, também se relacionam com pessoas ligadas aos 3 poderes (ou tantos mais), e oferecem seu caráter, sua moral, ou suas consciências, em troca de migalhas temporárias, enquanto outros pagam pelo alto preço de suas escolhas.
Líderes religiosos por exemplo que diariamente, movem seus fiéis para orarem pelo povo, para que deus abençoe o povo e mude o cenário político atual, são praticamente os mesmos que em período eleitorais, vendem o povo como gado, adotam um candidato qualquer, independentemente de sua postura moral ou seu históricos de crimes, mas os adotam apenas pelo favor pessoal recebido deste. Recebem inclusive incentivos de vários candidatos ao mesmo tempo mentido e traindo a todos eles, como se tivesse feito acordo com apenas um deles. Para os tais não existe ideologia, esquerda, direita, oposição ou situação. Existe apenas quem pagar mais! A quem pagar mais eles vendem o “rebanho do senhor” todo de uma vez, e se perceberem alguns dias antes do pleito que seu suposto candidato pode perder as eleições, vendem mais uma vez para outro candidato. Honra é uma palavra que não existe no vocabulário destes! São capazes de trocar de candidato quantas vezes forem necessários, cada vez que alguém lhes cobre a oferta. São verdadeiros “homens de deus”, “ungidos do senhor”, que “se preocupam com o povo”. São como médicos desonestos, que acreditam que o único meio de ganhar dinheiro é deixando seus pacientes parcialmente doentes, parcialmente sãos.
   O intuito de observações como essas, não é o de pôr o povo contra seu governantes ou oficiais da lei, sejam eles quais forem. Antes sim, o intuito é o de provocar uma revolução silenciosa, de mudança de caráter, que por sua vez muda a perspectiva em relação a si próprio e ao outro, trazendo assim a mudança social necessária para o progresso. Promover a igualdade no sentido de almejar que todos os homens sejam iguais possuindo as mesmas coisas é utopia, considerando que todos tem sonhos diferentes de carreira, um arcabouço cultural diferente e níveis de preguiça ou coragem diferentes. Mas promover a justiça social e o equilíbrio entre remuneração tendo como ponto importante a função pública é algo mais tangível, bastando apenas mudarmos o nível de consciência. Ou o sujeito é um cidadão, produtor e gerador de recursos e soluções sociais, ou é um parasita, que vive em função de sugar as energias de organismos até destruí-los por completo. Não dá pra ser os dois ao mesmo tempo!
Saúde e sanidade a todos
Texto escrito em 12/10/17



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