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DOCE BERENICE
ANA REBECA SENA DAS NEVES

- Bom dia, senhor Augusto!
   Todo dia me deseja Berenice. Ela me lembra minha primeira neta que não vejo há dias. E, sua alegria me lembra a juventude de minha esposa que já se fora.
   - Bom dia, dona Berê!
   - O senhor pode me ver duas flores dessas?
   - Cravos?
   - Sim. O senhor gosta?
   - Eram preferências de minha esposa e ganhei como herança.
   Berenice sorriu com os olhos vagos pela loja.
   - Quer um vasinho, dona Berenice?
   - Não, não precisa. Nem embale.
   Sem mais demora os entreguei. Ela então, também sem demora, tratou de devolvê-los.
   - São suas. Vi que, apesar de uma loja florida, seu balcão suplica por umas.
   Sem que eu terminasse de agradecer, foi-se embora.
   Noutro dia lhe avistei de longe com uma saia azul estampada com alguns cravos. Uma camisa preta longa. Uma bolsa branca e seu violino nas costas. Estava numa calçada oposta a minha, então, tratou de atravessar.
   - Bom dia, senhor Augusto!
   - Bom dia, dona Berenice. Como está?
   - Lhe trouxe esta folha que arranquei de um livro que lia e lembrei-me do senhor.
   - Oh, querida Berenice, fico muito agradecido. Leve consigo essas margaridas.
    Me agradeceu sorrindo e saiu cheirando as flores.
    Esta semana notei que ela não passou. Cinco dias lhe esperei passar, e nada de Berenice. Ouvi um casal comentar de uma tal moça, que só podia ser ela, que estava a sofrer. Então, me lembrei de ler o folheto que me foi presenteado: um poema a falar de flores e caligrafado estava um bilhete: “O senhor, seu Augusto, é flor”.
    Berenice apareceu na semana seguinte. Com seu violino, mangas longas na camisa e uma calça com flores bordadas nos bolsos. Seu rosto estava triste. Berenice me parecia semente suplicando a ser plantada.
   - Bom dia, senhor Augusto!
- Bom dia, querida Berê. Senti sua falta esta semana. Está aqui num vaso, o mais bonito da loja, essas tulipas.
   - Agradeço, mas hoje nada quero.
   - Sente um pouco, dona Berenice. Vai tudo bem?
      Arrumei-lhe um assento e ela sentou. Ficou em silêncio por muito tempo, até que, com lágrimas nos olhos me disse que sua vida é amarga.
    Amarga!
    E, Berenice tão doce.


Biografia:
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