Um dia, fechado em minha sala,
vi a folha levada pelo vento, pela janela,
e sei que havia o momento, dentro dela,
que havia se separado de sua matriz,
sei que havia uma espécie de sentimento
que separa quem o fez do que se quis,
e saí e fui à rua sentir no rosto o vento,
em meu pulso, por fora, batia o tempo
sua esquisita música de um só compasso,
abri os meus braços e me entreguei ao momento,
fui levado como um bebê nos braços,
e vi pessoas andando e correndo,
e vi muitos vivos e muitos morrendo,
e nunca mais fui o mesmo,.
e nunca mais quis o para sempre
que a máquina canta com seu fôlego de aço,
e nunca mais, meu amor, quando chego em casa,
quero fugir dos teus braços...
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