Pequeno,
nem muito e nem pouco imaginar poderia
que ler pedras e cacos de sonhos pela estrada
faria de mim um homem que de amor viveria,
a pensar palavras e ao levá-las a se lavar
na correnteza dos desejos humanos
faria de mim, mais ainda,
mais feliz e mais insano,
dia e noite, noite e dia...
Abro as mãos e nada tenho, nem as tuas,
apenas riscos que são como, do meu destino, ruas,
por onde caminho minhas angústias e minhas certezas,
como se minh'alma fosse um livro de rara beleza
a ser lido pelos pequenos e incautos que aqui moram,
palavras esculpidas com fiapos de nuvens
e gotas de luzes que, caindo do espaço, choram...
Nessa estrada não há sinais e nem avisos,
nem o rancor da tristeza e da melancolia,
só o ir que me leva à beira do precioso precipício,
o canto expulso do Paraíso chamado poesia...
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