Um poeta não tem asas e nem falsas penas,
sabe que para voar
tem que ao abismo dar-se,
entregar-se ao salto e querer que tenha,
no abismo, ideias, para sustentar-se...
Olhe bem de perto um poeta verdadeiro,
chegue o mais perto que dele puder,
nem perfume, ópio, nenhum cheiro,
nem sexo, homem ou mulher...
As palavras se espalham, furiosas,
como depois da tempestade,
eis um poeta sem maldade, só a prosa
em verso a dizer-noa a sua verdade...
Pode ele ficar séculos sentado à mesa,
debruçado sobre o poço fundo de sua alma,
a encontra-se e a perder-se nas incertezas
que ocorrerão dentro da fúria e da calma...
Sabe ele que não tem resposta
para nenhuma pergunta,
sabe que carrega às costas
o pouco que lhe se ajunta...
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