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Izolka era uma cobra verde e amarela, não venenosa que andava pela floresta sempre a procura de novidades. Era altamente idealista e emotiva. Seu maior sonho era poder voar. Ficava horas seguidas apreciando os pássaros voando. – Um dia vou voar também, pensava ela. Mas isso não era tão fácil assim, afinal de contas ela não tinha asas. Por conta desse desejo ela tentou tudo. Pulava de árvores, subia em arbustos e se atirava e pimba, sempre caia no chão. Um dia pensou em mandar colar umas asas, mas logo desistiu, pois seu corpo era liso demais e não dava certo. Certa manhã de sol, Isolka saiu para um passeio longo, conheceu um lugar na floresta onde havia um precipício de uns trinta metros. Ela pensou, pensou e resolveu se atirar. Não deu outra, de novo se esborrachou no chão.
Será que ela iria a vida toda tentar voar? Qual o seu novo plano? Por que esse desejo tão forte? Porque Isolka era diferente das outras cobras?
Ora, ela não desistia mesmo. Num de seus passeios pela floresta, encontrou um Condor chamado Astrogildo. Devagarinho a cobra aproximou-se dele, com um medão danado! Sentia arrepios, pois na floresta ela ouvira falar que esses bichos devoravam carniça e outros bichos também. Astrogildo, que nem pensava em comer cobras, estava procurando outro tipo de comida. O primeiro encontro entre os dois foi estranho. Olá, disse a cobra! Ele lhe respondeu: - Oi, eu sou Astrogildo e gosto muito de voar! Ela perguntou: - Você me dá umas aulas de vôo? Ao que ele respondeu: - Ora bolas, você é uma cobra e não voa, não adianta tentar! Ela emudeceu. – Puxa vida, estou tão desanimada com isso!
E assim, passaram-se os dias. A cobra foi para casa. No outro dia, voltou àquele lugar e lá estava Astrogildo. O Condor era muito espiritualizado e gostava de fazer amizades. – Olá, Isolka, tudo bem? Ela estava um pouco mais alegre e até gostou. Ele lhe perguntou: - Porque você quer voar? Não lhe basta ficar só no solo? – Não disse ela, quero conhecer o mundo, sair do meu espaço e ir para lugares desconhecidos. A amizade entre os dois foi se desenvolvendo e de repente, ambos perceberam que na vida é preciso fazer amigos sinceros, pois eles são a nossa razão de viver. Foi uma amizade desinteressada, fluiu aquela coisa bonita que chamamos sinceridade.
Como os verdadeiros amigos quando se afinizam, tomam as dores de seus consortes, Astrogildo queria ajudar Isolka a voar, mas não imaginava como! Ela também não tinha a mínima idéia. Astrogildo fez como Buda, só que ficou em cima de uma árvore meditando! Como os verdadeiros amigos são aqueles que nos complementam desinteressadamente, ou aqueles que querem nos auxiliar a resolver nossos problemas, Astrogildo não titubeou e sugeriu que a cobra subisse entre suas asas e se enrolasse no seu pescoço para não cair durante o vôo! Os dois iriam voar juntos! Que glória para Isolka! Só que no ar como a cobra era um pouco comprida, seu rabo e parte do seu corpo balançava enquanto voava! Ficou uma situação esquisita! Mais, tudo pela amiga!
Voaram, voaram longe! A cobra sentia-se realizada, era feliz, muito feliz. Astrogildo também! Estava contente por sua amiga. Levou-a para os lugares mais longínquos. Ela sorria desmesuradamente!
Porém, o vôo não demorou e ambos voltaram à terra. Isolka não sabia como agradecer! Ele, porém, era humilde e pensava: - Quanta gente posso fazer feliz! Quero ter mais amigos e lutar por eles. Desta estória fica a lição: a amizade vale muito mais que o ouro, ela nasce nos corações, é desinteressada. Quantas vezes nos esquecemos de seguir o exemplo do Condor! E porquê? Infelizmente ainda estamos enredados num mundo onde a exploração acontece. De nada adianta erigirmos templos por conta de uma suposta fé ou seguirmos orientadores religiosos na tentativa de nos tornarmos um pouco melhores. Se cada um fizer como o Condor, teremos milhões de gente mais felizes!
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