Ter para dar e não ter a quem
entregar o mais valioso, o seu bem;
para que viver escrevendo luas no céu que se abre
se o amor vive o quanto sentes, cedo ou tarde?
Tanta solidão e tantas pessoas à volta,
tantas ruas e nenhum caminho,
ninguém para se fazer uma aposta,
dois olhos e um solitário ninho...
Não queira o abajur aceso para ler a si
escrito numa folha de papel em branco;
foi, foi exatamente isso o que vi,
no espelho que embaça o amor, no entanto...
Ter a voz e o poema a cantar a solidão,
ter o rústico sentimento, primitivo,
ter o fruto do corpo, vermelho, coração,
no chão, húmus, mortalmente atingido...
|