O trovão rola no espaço
Debaixo daquela ponte mora o velho Quim Fonte. O trovão rola no espaço esgarçando o pensamento do ex-jovem dono do laço. Qual fora o seu sacramento, quiçá, sacrilégio de convento. Quim já fora fazendeiro, jovem laçador-trigueiro, recheado de dinheiro.
Naquele seu último paradeiro. Aquela ponte fez ponte pra muito dinheiro, hoje debaixo vive o despacho do guerreiro. Um dia a vida vai rejeitando o pobre, o rico-nobre e qualquer coisa que sobre. O orgulho, a empáfia, a ráfia, o tesouro. Soçobrarão os montes de ouro. A morte dá o norte e; na campa todos se igualam. As mentiras se atiram das bocas que falam, donde o miasmático exala o próprio desdouro.
Assim é a vida que passa, traspassando a ilusão do velho-jovem e sua visão, cegando-o por inteiro.
Rosalva, mulher caprichosa, falsa e indecorosa fez-se airosa ao jovem aventureiro, deixando-o na mão e sem dinheiro. À rato de porão juntou-se à multidão, enquanto, Rosalva se salva da praga, porém, não da velhice magra qual a prostra sobre a poeira do chão.
Assim a morte iguala essa grande ilusão, onde todos os mortais tornam-se iguais dentro da multidão, ofuscando suas opalas...
O trovão rola no espaço, enquanto, o velho tempo passa, produzindo suas graças e desgraças a todas as raças.
É bom ser positivista, mas jamais hipócrita...
Do livro: Dom sucesso
jbcampos
|