O quanto deixei de amar
enquanto pensava que te amava,
me sentia o dono do mar
enquanto o rio passava...
Tentava roubar beijos
que o amor verdadeiro me daria,
o mármore frio do teu desejo
a enregelar minh'alma fria...
Vi a imagem levar meu desejo
aos confins da imaginação,
cria que amor sem medo
mudaria meu coração...
Enquanto amava o vão
passava ao lado o verdadeiro amor
a carregar tristeza como se carrega
o pão na embalagem de todo dia, incolor...
Amei, deveras, até que chegou ao fim
essa estranha alucinação brutal,
o não se apossou do sim,
decisão sentenciosa, final...
Aberto à brisa serena do amor querente,
escutei ao longe o tinir do perfeito sino
a se apossar de minhas posses
de um jeito urgente,
tornei-me o mesmo que sempre fui,
humano homem menino...
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