Depois de tanto tempo
já não sei com o que me pareço,
se com o homem que fustigou o vento
ou se com a criança de berço,
limpa, despida da vestimenta do eu,
ou se como o contrito a rezar
a ladainha, o terço,
a procurar Deus no breu...
Depois de tantas braçadas
não sei em que margem cheguei,
se à ilha de tantos perdões
ou se à terra onde neguei
virtudes à tantos corações...
O que sei é que meus pés caminharam
por estradas
onde cada um passa e quase ninguém
se lembra,
onde frutos pendidos de árvores colocadas
por anjos para que a fome
com a comida se entenda
brilham como figos molhados
de orvalho na madrugada...
O que sei é que saber é pouco
para o que não se sabe
como seria louco se impedisse
que viesse o amor que me invade...
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