Canta o poeta as virtudes e as manchas,
os bons momentos e as dissoluções,
o fogo da intemperança que nos alcança,
as arritmias dos nossos corações,
canta e se persigna e sabe que não
pode com o acaso e sua estranha predição...
Devolve o poeta ao silêncio
suas próprias palavras,
aquelas se vão no vento
e que nunca se lavam
com o óleo da justiça,
entrega a quem trabalha
a sua porção de preguiça...
Verte o poeta o sentir ao papel,
renuncia ao pomposo pedestal,
bebe, silenciosamente, o fel,
desce de sua cruz e se limpa do sal...
Se vê-lo sob a luz da lua,
apenas para sua alma compreender,
saiba que ela também é sua
forma de esta vida intensamente viver...
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