Perguntei, um dia, de que estrela
eu tinha vindo;
mamãe, mais que devagar, deu de falar
de castelos no lado escuro da lua,
pôs-se a me contar
da rua onde os anjos moram,
casas sem portões, belos jardins,
pôs-se a dizer a mim
que o infinito é o berço de almas boas
que escapam do colar de contas
da senhora que anda debaixo da garoa
que vem dos lados do Paraíso,
me contou que tinha um pote
que estava cheio de juízo,
cada um pegava um pouco,
o tanto que fosse preciso,
que eu tinha vindo às pressas,
não deu tempo de asas,
por isso essa vontade de voar
e sobrevoar as casas,
de cantar como fosse um pequeno príncipe
num planeta lá pras bandas de Saturno,
que vive solto, ao léu, no espaço,
e eu, que estava já com sono,
me recostei, quase ronronando,
dormi nos seus braços...
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