Sou grato pelo prato farto
e pelo mato onde cago
de vez em quando,
quando ando
a caçar antas e javalis,
já que tem muitos por aqui...
Pelas espigas de milho
que brotam aos quilos
que me dão pamonha
e curau,
quando saio a apanhar salsinha
em volta da cozinha,
pelo quiabo que mexo com colher de pau...
De noite, quando o sol se distrai,
apanho estrelas para fazê-las lamparinas,
meu quarto cheio de luz divina,
raios de luz caem
sobre meu dorso,
a voz do amor então ouço...
Sou grato pela fartura,
isto é,
que não me falte carinho e ternura,
bicho de pé,
o amor da cidade que tô de olho,
que venha morar em meu coração,
daí então fecho a oficina da paixão,
passo o ferrolho....
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