Sempre que a ousada noite despenca
fraturo cabeça, membros e corpo.
E se no laser prateado uiva a solidão do lobo
eu me estilhaço nos grãos desse desejo que me tenta.
Ah, idílico mundo de mutante patente...
Teu cenário miseravelmente bucólico é dia
mistificado pelos espiões noturnos em poesia,
fluindo mazelas e amores e estrelas, tão somente.
Mas, sou toda olfato a te rastrear,
possuindo-te inteiro nos olhos cerrados,
nos verdes tapetes de braços travados
excito a vastidão que almejo abraçar.
E teu orvalho úmido tremula na entrega
e em vão empurra meu louco ímpeto
e se contorce ao vê a lascívia tão cega,
até trovejar no instante do tímido gozo
derramando rios e lagos e mares e chão
e travestindo-se, enfim, em garanhão fogoso.
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