Hoje não dou corda ao tempo,
vivo com ele e ele comigo
como fôssemos dois inventos
inventados pelo homem temeroso
de que o tempo lá fora o coma
por ser o tempo interno mais guloso...
Ao tempo nem dou tempo de pensar,
como ao peixe que passa o pescador não dá;
evito que ele marque as minhas horas,
marco-as eu no calendário embora
ambos saibamos que vamos passando
ao largo do existir, ontem, hoje
e quando o futuro chegar aonde estamos
e não possamos mais fugir...
Quer saber?
De que adianta marcar um encontro
se o tempo já marcou a partida
mesmo que nunca estejamos prontos
para seguir na viagem só de ida?
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