Tenho fé
de que um dia um menino
vai acordar
e tocar o sino
chamando todo mundo pro olho da rua,
a minha, a tua
mãe,
meu pai, o teu,
o Diabo a quatro,
o cara no iate,
o mulambento,
o Zebedeu,
o relógio com as pernas travadas
a prender o tempo,
um dia ouvirei o canoro chamado,
venham todos, os poetas,
os bons, os safados,
hoje a reunião será na rua
bem debaixo da anágua da lua,
todos serão convocados,
os da reserva, os pau-mandados,
venham pegar a sua parte,
pra você um plano de saúde,
pro outro um ataúde,
não faltará redenção e nem desastre,
faça da sua arte
o seguinte acontecimento,
já lhe digo, um dia isso vai se passar,
quando não houver prosopopeia
e nem falso argumentos
rolando pelo ar...
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