Desejei na tua ausência que minh'alma
toda me tomasse num regresso perolado,
qual fúria de dono que resgata a calma
na posse esperada do que lhe hão penhorado.
Me quis inteira germinando a volta
do que outrora me fora dura marca:
Lâmina fria na palidez de morta,
sem medo do vazio que seu reflexo abarca.
Tantos duelos na vida travados,
na defesa das então preciosas certezas,
escarradas em quantos me tinham ultrajado
e me despido a inocência para a vestir de tristeza.
E no cerrar dos olhos um mundo de sonhos,
atiçados no estrondar do solitário prazer,
exorcizavam os demônios do desejo tristonho
na placidez desse cálice que aprendi a beber.
E então meus olhos te beberam a boca,
e embriagados estão desde o gole primeiro,
violando as certezas numa febre tão louca,
que me faz desejar te possuir por inteiro.
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