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Não Depende de quem Quer
Calvino

Por João Calvino

“Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia.” (Rom 9.16)

“Assim, pois, não depende de quem quer”. Paulo deduz desta afirmação a incontrovertível conclusão de que a nossa eleição deve ser atribuída, não à nossa diligência, nem ao nosso zelo, nem tampouco aos nossos esforços, senão inteiramente ao conselho divino. Que ninguém conclua que os eleitos o são em virtude de serem eles merecedores, ou porque de alguma forma conquistaram para si o favor divino, ou ainda porque possuíam alguma semente de dignidade pela qual Deus pôde ser movido a agir. A ideia simples, que devemos levar em conta, é esta: o fato de sermos contados entre os eleitos independe tanto de nossa vontade quanto de nossos esforços - pois o apóstolo substituiu correr por esforço ou diligência. Ao contrário, deve ser atribuído totalmente à benevolência divina, a qual, por si mesma, recebe graciosamente aqueles que nada empreendem, nem se esforçam, nem mesmo tentam. É estulto o argumento daqueles que concluem desta passagem que possuímos a capacidade de envidar esforços por alcançar nossa própria eleição, mas que esta capacidade não efetua nada por si mesma, senão que recebe o auxílio da misericórdia divina. O apóstolo não está tentando mostrar a capacidade que porventura temos, e, sim, está excluindo todos os nossos empenhos. Dizer que queremos ou corremos para alcançar a eleição é pura cavilação, visto que Paulo nega que o homem que quer e corre seja capaz de concretizar a eleição. O que ele tem em mente é simplesmente que nem o querer nem o correr podem efetuar algo.

Entretanto, aqueles que, em contrapartida, prosseguem em sua ociosidade e inatividade, sob a alegação de deixar à graça divina a liberdade de ação, também devem ser condenados. Ainda que nossos próprios esforços não realizem nada, todavia o esforço que é inspirado por Deus não fica sem efeito. Portanto, não dizemos isto com o intuito de fazer que nossa indolência extinga o Espírito de Deus, quando ele acende em nós algumas centelhas, mas para que possamos entender que o que temos procede dele, e para atribuir-lhe a existência de todas as coisas, e sinceramente desenvolver nossa salvação com temor e tremor [Fp 2.12].

Pelágio tentou evadir-se desta cláusula do apóstolo, substituindo-a por outro sofisma completamente indigno. Ele defendeu a tese de que nossa eleição não depende somente de quem quer ou de quem corre, visto que a misericórdia divina nos assiste. Agostinho, contudo, o refutou eficiente e astuciosamente, dizendo: Quando se nega que a vontade humana é a causa da eleição, por ser ela apenas uma parte e não a única causa, também podemos, em contrapartida, afirmar que a eleição não depende da misericórdia divina, e, sim, de quem quer ou de quem corre. Onde há mútua cooperação, também deve haver louvor recíproco. Mas esta última proposição perece incontrovertível por sua própria obscuridade. Determinemos, pois, atribuir à misericórdia a salvação daqueles a quem Deus propôs salvar, de uma maneira tal que nada sobre para a indústria humana.

Na opinião de alguns intérpretes, estas palavras foram expressas na pessoa do ímpio. Contudo, tal coisa não leva nada de plausível. Seria consistente torcer textos da Escritura, nos quais a justiça divina é proclamada, com o propósito de censurá-lo com tirania? Além disso, seria provável que Paulo houvesse permitido que a Escritura fosse tratada com grosseiro desdém, quando poderia pronta e facilmente ter refutado seus oponentes? Mas estes são meios de escape dos quais se apoderam aqueles que medem este incomparável mistério divino por seus próprios critérios, tacanhos e confusos. Para os seus delicados e sensíveis ouvidos, esta doutrina era por demais dissonante para ser considerada digna do apóstolo. E ter-lhes-ia sido mais proveitoso se sujeitassem sua obstinação à obediência do Espírito, a fim de não virem a ser tão lamentavelmente contaminados por suas próprias e grosseiras mentiras.

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