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Texto selecionado
Tempestade na terceira casa decimal |
Conversa (des)afinada |
Alexandru Solomon |
Resumo: Faltou emprestar uma réplica da comédia “O Mensalão” e declarar que haverá rigor máximo nas punições. |
Não há como contestar. O IBGE cometeu um erro. Que tenha sido um erro de ponderação, o uso de uma planilha errada, é fato que as conclusões foram afetadas. A pressão levou ao erro.
Nem cabe a desculpa ginasiana “o raciocínio estava certo, professor”. Pronto: zero na prova. O impacto político pode ser medido pelo fato de uma ministra em plena licença médica convocar uma entrevista coletiva. Mais ainda, a presidenta, que usualmente fica furiosa até com erros menores, qualificou de inaceitável o erro, determinou a abertura de uma comissão para investigar e descobrir responsáveis. Faltou emprestar uma réplica da comédia “O Mensalão” e declarar que haverá rigor máximo nas punições.
Mas por pior que tenha sido o erro conceitual, ao menos no caso da determinação do coeficiente de Gini – indicador da concentração de renda, não se pode dizer que houve um desastre. Com efeito se o indicador evoluiu de 0,496 em 2012 para 0,495 em 2013 e não para 0,498, como foi erroneamente relatado, é melhor não trocar o abatimento causado pelo índice inicial pela euforia incontida devida ao recálculo. É muito mais razoável falar que de um ano para o outro nada mudou. Não tem sentido falar numa tempestade numa duvidosa terceira casa depois da vírgula. Essa precisão não existe nem antes nem depois do erro. É melhor considerar as condições de trabalho. As restrições orçamentárias e a pressão a que está submetido o IBGE são motivo de preocupação maior, pois minam a credibilidade da instituição. Louve-se a rapidez com a qual foi descoberto e corrigido o erro, assumindo-se a culpa, sem atribui-la aos culpados usuais, as elites, a imprensa golpista, as forças da direita etc.
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Biografia: Alexandru Solomon, empresário, escritor. Formado pelo ITA em Engenharia Eletrônica e mestrado em Finanças na Fundação Getúlio Vargas, autor de ´Almanaque Anacrônico`, ´Versos Anacrônicos`, ´Apetite Famélico`, ´Mãos Outonais`, ´Sessão da Tarde`, ´Desespero Provisório` , ´Não basta sonhar`, ´Um Triângulo de Bermudas`, ´O Desmonte de Vênus` ´Plataforma G` (Ed. Totalidade), ´Bucareste` e ´A luta continua` (Ed. Letraviva). Livrarias: Saraiva (www.livrariasaraiva.com.br), Cultura (www.livrariacultura.com.br), Loyola (www.livrarialoyola.com.br), Letraviva (www.letraviva.com.br). | E-mail do autor: asolo@alexandru.com.br |
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Celso Fernandes
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