Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Oração e Súplica
Calvino

Por João Calvino

Tendo oferecido orações e súplicas (Hb 5.7). O segundo elemento que o autor menciona de Cristo é que, quando chegou o tempo, ele buscou um meio de escape para livrar-se do mal. Ele diz isso para que ninguém concluísse que Cristo possuía um espírito férreo, que nada sentisse. Devemos sempre procurar ver a razão por que algo é expresso. Se Cristo houvera sido intocável por qualquer dor, então nenhuma consolação, provinda de seus sofrimentos, nos atingiria. Mas quando ouvimos que ele igualmente suportou as mais amargas agonias em seu espírito, torna-se evidente sua semelhança conosco. Cristo, diz ele, não suportou a morte e todas ás demais tribulações, de tal sorte, como se desdenhasse delas, ou por não sentir-se oprimido por algum sentimento de angústia. Ele orou com lágrimas, dando assim testemunho da suprema angústia de seu espírito. Por lágrimas e forte clamor, a intenção do apóstolo é expressar a intensidade de sua tristeza, em consonância com o costume normal de fazer algo mediante sinais. Não tenho dúvida de que ele está falando da oração contida nos evangelhos [Mt 26.39]: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice. E também daquela outra oração [Mt 27.46]: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? No segundo dos casos mencionados nos Evangelhos, há um forte clamor. Enquanto que no primeiro, não é possível crer que seus olhos hajam secado, visto que na imensidade de sua agonia grossas gotas de sangue emanavam de todo o seu corpo. É verdade que ele se achava reduzido a uma condição extrema. Achando-se oprimido por dores reais, deveras orava ardentemente ao Pai para que fosse socorrido.

Qual é o ponto prático de tudo isso? Consiste nisto: sempre que nossos males nos oprimem e nos torturam, retrocedamos nossa mente para o Filho de Deus que suportou o mesmo fardo. Enquanto ele marchar diante de nós, não temos motivo algum para desespero. Ao mesmo tempo, somos advertidos a não buscar nossa salvação, em tempo de angústia, em nenhum outro senão unicamente em Deus. Que melhor guia poderemos encontrar para oração além do exemplo do próprio Cristo? Ele se dirigiu diretamente ao Pai. O apóstolo nos mostra o que devemos fazer, quando diz que ele endereçou suas orações Aquele que era capaz de livrá-lo da morte. Com isso ele quer dizer que Cristo orou corretamente, visto que recorreu ao Deus que é o único Libertador. Lágrimas e clamor nos recomendam fervor e sinceridade na oração. Não devemos orar a Deus seguindo um formalismo sem vida, mas com ardentes desejos espirituais.

E tendo sido ouvido. Há quem o traduza assim: seu santo temor, do que discorda incisivamente. O apóstolo quis dizer que Cristo foi ouvido naquilo que ele temia, de modo que, não vencido por esses males, não lhes deu lugar, nem sucumbiu em face da morte. O Filho de Deus condescendeu-se a essa luta, não porque laborava sob a descrença, a fonte de todos os temores, mas porque ele suportava na carne mortal o juízo divino, o terror que não se pode vencer sem extremado esforço. Crisóstomo o interpreta como sendo a dignidade de Cristo que o Pai, de certa forma, reverenciava. Tal coisa, porém, é absurda. Outros o traduzem como piedade. Mas a exposição que já apresentei é muito mais adequada, e não necessita de alguma confirmação adicional.

Ele prossegue adicionando uma terceira cláusula, no caso de alguém concluir que, visto que ele não foi imediatamente libertado de suas tribulações, a oração de Cristo foi rejeitada. Em tempo algum foi ele privado da misericórdia e socorro divinos. E desse fato podemos deduzir que Deus com freqüência ouve nossas orações, mesmo quando não nos pareça. Assim como não é de nossa competência delinear-lhe alguma norma rígida e rápida, tampouco Deus se vê na obrigação de responder nossas petições que lhe façamos mentalmente ou expressas com nossos lábios, todavia ele demonstra ter cuidado de nossas orações em tudo o que nos é necessário para nossa salvação. E assim, quando parecer-nos que somos repelidos de diante de sua face, obteremos muito mais do que se ele nos tivesse concedido tudo quanto lhe pedimos.

De que forma foi Cristo ouvido naquilo que ele temia, quando enfrentamos aquela morte da qual ele tanto se esquivava? Minha resposta é que devemos atentar para aquilo que constituía seu temor. Por que ele tremia diante da morte, senão porque via nela a maldição divina, e o fato de que Deus era contra a soma total da culpabilidade humana, e contra os próprios poderes das trevas? Daí seu temor e ansiedade, visto que o juízo de Deus é de tudo o que mais terrifica. Então ele obteve o que desejava, uma vez que emergiu das dores da morte como Vencedor, foi sustentado pela mão salvífica do Pai, e após um breve conflito conquistou gloriosa vitória sobre Satanás, o pecado e os poderes do inferno. Às vezes sucede que pedimos por isto, por aquilo, ou por alguma outra coisa, mas com um propósito bem distinto. E enquanto Deus não nos concede o que pedimos, ele encontra uma maneira de socorrer-nos.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Comentário dos livros do Velho Testamento:
http://livrosbiblia.blogspot.com.br/

Comentário do Novo Testamento:
http://livrono.blogspot.com.br/

Mensagens:
http://retornoevangelho.blogspot.com.br/

Escatologia (tempo do fim):
http://aguardandovj.blogspot.com.br/


Este texto é administrado por: Silvio Dutra
Número de vezes que este texto foi lido: 61622


Outros títulos do mesmo autor

Artigos O Amor Fraternal Calvino
Artigos A Bíblia é a Palavra de Deus Calvino
Artigos Chamados para a Santificação Calvino
Artigos Crescendo no Amor Mútuo Calvino
Artigos Orando Muito Dia e Noite Calvino
Artigos O Sentido da Vida Calvino
Artigos Testemunho da Fé e do Amor Calvino
Artigos Ordenados para Vencer as Tribulações Calvino
Artigos O Cuidado Pastoral de Paulo Calvino
Artigos A Preocupação de Paulo com as Igrejas Calvino

Páginas: Próxima Última

Publicações de número 1 até 10 de um total de 215.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
PERIGOS DA NOITE 9 - paulo ricardo azmbuja fogaça 62612 Visitas
Jornada pela falha - José Raphael Daher 61909 Visitas
Mistério - Flávio Villa-Lobos 61855 Visitas
A LAGARTINHA E A ALIMENTAÇÃO - Andrea Gonçalves dos Santos 61825 Visitas
O pensar é dialógico e dialético - ELVAIR GROSSI 61822 Visitas
A SEMIOSE NA SEMIÓTICA DE PEIRCE - ELVAIR GROSSI 61821 Visitas
A RELAÇÃO ENTRE CIÊNCIA E ARTE, CULTURA E NÃO-CULTURA - ELVAIR GROSSI 61821 Visitas
SEM TÍTULO - Essondro Juniel 61820 Visitas
EVA - Enoc Borges 61805 Visitas
Almíscar - Flávio Villa-Lobos 61777 Visitas

Páginas: Próxima Última