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natalia nuno |
pequena prosa poética
Tanta coisa imaginada e sonhada...as lembranças são como as ondas que avançam, recuam e sempre voltam
com mais força na maré cheia.
Nos dias frios e soalheiros sentava-me ao sol e escrevia pequenas notas num caderno que era para todos os efeitos um diário, enquanto o cão velho se deitava a meus pés de olhos arregalados como que adivinhando meus pensamentos, nessa altura fantasias que para mim eram reais. Meu pai que era analfabeto, franzia a testa sempre que me via a escrever, espantado por meu passatempo infantil favorito ser a escrita e guardando para ele, como sonhara algum dia poder fazê-lo também, em silêncio me olhava, observava, e nas suas feições eu conseguia ler algum desgosto. À medida que crescia tornei-me mais segura de mim, comecei a fazer parte dos trabalhos de casa e da terra, naturalmente sempre mais inclinada para as artes, música, pintura e poesia. Transbordava de entusiasmo e emoção, nada fazia toldar-me a alegria...até que a vida fez-me aceitar outras realidades...
Porque é que estás ainda de luz acesa? Perguntava minha avó deitada num quarto ao lado.
Avó estou a ler, só mais um bocadinho e já apago...e era assim todas as noites, nessa altura lia o Conde de Monte Cristo de Alexandre Dumas e ao acabar de ler cada capítulo do livro, apagava a luz e me escondia debaixo dos cobertores, porque a leitura era demasiado pesada e eu tinha somente 11 anos, idade em que iniciei a secundária e me dirigia à biblioteca para levar para casa o maior livro que os meus olhos avistassem nas prateleiras altas quanto maior mais leitura teria, era o meu pensamento sequioso por tantos anos atrás sem ter nada ao alcance.
Meu pai chegava sempre muito cansado à noite e permanecia em silêncio, minha mãe também, mas ainda assim me protegia, sempre insistindo que eu tinha de prosseguir os estudos quando todos achavam que já chegava a primária... aí, a escola secundária foi inaugurada nesse ano, abriu as portas a meia dúzia de crianças e abriu-se também para mim a porta que a mãe tanto ansiava.
Eu graciosa e efusiva como sempre, lá fui seis anos a fio, a caminho da escola, como um pombo que necessitasse ser alimentado.
natalia nuno
rosafogo
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Biografia: Nasceu na pequena aldeia Ribatejana chamada Lapas, concelho de Torres Novas a 19=1/1943, Estudou na Escola Industrial e Comercial de Torres Novas .É em várias actividades literárias conhecida por «rosafogo» nome com o qual publica na internet.
Na sua poesia a saudade está sempre lá num rendilhado de palavras.
Participou nas seguinte Colectâneas: «entre o sono e o sonho» Chiado Editora, «trago-te um sonho nas mãos» Temas Originais, «por um sorriso» Temas Originais, «poiesis vol XXXIII» e «poiesis vol. XXiX» Editora Minerva, «viva Outubro 2009» e «viva outubro 2010» Câmara Municipal Loures, «licença poética 2011» livro de Emanuel Lomelino, Lua de Marfim, « alma gémea 2011» Editora Brasileira Beco dos Poetas, «tu cá, tu lá II» Temas Originais, «Horizontes da Poesia III 2011» Editora Euedito, « digo não ao não» Lua de Marfim, «na magia da noite» Lua de Marfim, «entre o sono e o sonho III» Editora Lisboa, Antologia «Mãe» a convite da Poeta Maria Melo, « Poetar Contemporâneo» 2012 Edições Vieira da Silva, Antologia Luso-Brasileira « Cruzada da Poesia» «Horizontes da Poesia IV» da Euedito, Antologia Poética Contemporânea «Entre o Sono e o Sonho IV» da Chiado editora e «A Palavra é uma Espada» Edição de Autor.
Prefaciou as obras: « No Chão de àgua » do Poeta Paulo César, o romance « Óh àfrica...oh África Minha» do escritor José Silva, e« Encontro-me nas Palavras» da Poeta Maria Antonieta Oliveira.
Livros editados de Poesia: «Pesa-me a Alma» em 2011 pela Lua de Marfim e em 2014 « A Melodia do Tempo» pela mesma editora, editou na Roménia em português e romeno «Moldura da Saudade« e recentemente «Estremecimentos d' Alma» pela editora Vieira da Silva... participou na colectânea «Palavras que Contam» da editora Sinapis.E em 2018 novo livro de poesia pela Viera da Silva «Estremecimentos de Alma» |
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