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Míseras moedinhas da morte
Bandido brasileiro,bendito boliviano
André Francisco Gil

Durante o assassinato do garoto boliviano podia ouvir-se de tudo menos o seu choro,o assassino só não ouviu a voz de sua consciência,outros ouviram o estampido.Calou-se o choro que perturbava o ouvido sensível de um bandido insensível que apertou o gatilho sem dó.Desconhecidos até então,depois dois reconhecidos pelos pais desconsolados do pequeno Brayan.O desconsolo é conselheiro do medo e do desespero.Dois suspeitos foram pegos e o terceiro?Por chorar no assalto,inocentemente foi sentenciado à morte por uma aborrecido assaltante adolescente,frio,calculista e desqualificado.Brayan foi baleado por haver chorado.
Testemunhas dentro do fato diante do ato tão cruel e inesperado,defensores indiscutíveis do garoto,indignados,se revoltaram com tamanha injustiça,clamaram por justiça em alto e bom som.
Brayan Yanarico Capcha,menino da Bolívia,de humilde família,consigo moedinhas tinha mas o bandido brasileiro consigo covardia trazia em sua alma fria.Atirou após ouvir o choro,tolo juiz do inferno,demagogo.Brayan foi socorrido mas morreu,o atirador correu.Silêncio e dor em sua residência,em São Mateus.
Estrangeiros,pessoas,seres humanos,cerca de quinhentos bolivianos gritaram por Brayan na Avenida Paulista.Clamaram por justiça.Esse grito vai temporariamente perturbar o ouvido sensível de outros bandidos,que decretam a sentença de morte de outras tantas crianças de cinco anos todos os dias.Brayan o menino das míseras moedinhas da morte,o menino que pedia para não ser morto.
Morreu.Levado para seu país fora enterrado.Os encapuzados que o ameaçava foram encaminhados para a Fundação Casa.Brayan retornou para seu povo,seu chão.
Está morto,não tem mais objetivos,não tem mais sonhos,nem choro,nem riso.A morte ministrou segurança naquela sexta-feira macabra.Os foragidos foram detidos mas chegaram no local do assalto tocando o terror e ofereceram tiros para um menino que ofertava por sua vida algumas moedinhas e lágrimas.A morte cobrou,ela deu o troco,ela foi paga.
Encapuzados ofereciam perigo,Brayan algumas moedinhas que trazia consigo.Dezessete anos,a idade de seu algoz,ameaçado por umas moedinhas e um choro de criança.Creio que seja o maldito prazer de apertar o gatilho.
Veronica e Edberto,eles tinham "un hijo",eles tinham...
O que conta são os direitos da morte,estamos á mercê da própria sorte?
Brayan,criança,Brasil,um país,república desumana,violenta.Brayan morreu a caminho do hospital.Veio cheio de vida,voltou num caixão para sua terra natal.Quantas crianças ainda vão morrer por míseros trocados,por chorar por suas vidas?
Levaram-no,fizeram o ritual de evocação de seus ancestrais,enterraram-no.
Agora Brayan,"un niño descansa em paz.


Biografia:
André Francisco Gil poeta ipaussuense radicado na capital paulista com muita coisa escrita mas ainda engavetada.Textos editados em publicações esporádicas do interior e de alguns fanzines da vida.Almejei uma oportunidade e eis que a chance surgiu.Graças a este espaço vou ver meu poema ganhar asas.Lindo voo.
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