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GLOBALIZAÇÃO DAS DOENÇAS
1 INTRODUÇÃO
O processo da globalização em andamento no mundo, vem trazendo vários avanços tecnológicos, favorecendo um certo crescimento da produção, mas tem trazido vários problemas, especialmente os que se referem ao desemprego que vem ocorrendo no mundo todo.
Pelo lado positivo, a globalização estimula o lucro, favorece quem tem alta qualificação, como também, as grandes empresas, ganhando os credores, ou seja, grandes instituições financeiras. Por outro lado, os aspectos negativos, são, além do desemprego, a discriminação dos salários, o desfavorecimento de quem tem baixa qualificação, perdem os devedores e as pequenas empresas.
Um outro grande motivo que chama a atenção neste quadro da globalização, é o que diz respeito a proliferação das doenças, conseqüentes deste fenômeno. Assim, este trabalho aborda o tema “Globalização das Doenças”, mostrando os impactos dessas doenças nas populações em geral.
2 A GLOBALIZAÇÃO DAS DOENÇAS
A proliferação das doenças, vem ganhando, nos últimos anos uma dimensão nova dentro do processo de globalização, que segundo alguns autores, inicia no século XXI ou o terceiro milênio da era Cristã.
As profundas mudanças observadas nos processos de trabalho, particularmente, no marco da Globalização, ainda não tem sido bem avaliadas na sua integralidade.
Freqüentemente, o aumento da produtividade é conseguido por uma combinação do aumento do ritmo do trabalho, diminuição das pausas de descanso, o aumento da carga de responsabilidade dos trabalhadores, trazendo em conseqüência, fortes impactos sobre a saúde e a segurança das pessoas. Elas tem sido traduzidas em verdadeiras epidemias, observadas universalmente, das doenças ocupacionais por movimentos repetitivos, incluídas no grupo da LER (Lesões por Esforços Repetitivos).
Outras doenças, pouco específicas e mal conhecidas têm aparecido, sob a forma discreta ou graves de manifestações de stress ou de sofrimento mental, decorrentes das novas exigências impostas aos trabalhadores e solicitação de mais atenção, disponibilidade e responsabilidade por toda uma linha de produção.
Enquanto os antigos processos possuíam seus fatores de stress na forma de monotonia, tarefas repetitivas, eliminando a capacidade de inovação e criação dos trabalhadores, os novos sistemas de produção trazem outros incentivos, porém introduzem outros fatores de stress , particularmente a insegurança e a competição.
O episódio recente transmitido pela mídia, relata a ocorrência de alta incidência da síndrome de morte rápida e inexplicada entre trabalhadores tailandeses em Cingapura e outros semelhantes, parecem decorrer de uma combinação de stress provocado por mudanças bruscas no estilo de vida próprio de culturas milenares, para outras típicas de países altamente industrializados, de vida urbana, em ambiente altamente competitivo, nas quais o stress causado por trabalhos físicos intensos, em situação de sobretrabalho, somam-se a micro-ambientes hostis, (episódios semelhantes foram descritos nos primórdios da história da colonização brasileira, entre os índigenas escravizados.
No Japão, o fenômeno da morte por excesso de trabalho é caracterizado por morte súbita, usualmente entre adultos na faixa de 30 a 40 anos, após um período prolongado de trabalho intensivo. CARVALHO (1993) relata que a causa imediata da morte é usualmente um ‘ataque’, com uma média de 110 mortes em três anos, atribuídas a esquemas de super exigência no trabalho.
Entre os problemas de saúde-doença das pessoas pesquisadas, relaciona-se alguns às precárias condições de trabalho e meio ambiente, merecendo destaque a persistência de altos índices de doenças relacionadas ao trabalho e de acidentes socialmente distribuídos de modo desigual.
Segundo vários pesquisadores, os padrões ou perfis do problema de saúde-doença dos trabalhadores, de transição dos antigos perfis para os novos padrões, em diferentes contextos são os seguintes:
a) incidência significativa de acidentes do trabalho, com uma distribuição uniforme entre os diversos setores e atividades econômicas;
b) incidência significativa de acidentes de trabalho fatais, apresentando grandes diferenças entre os diversos setores e atividades;
c) alta incidência das doenças profissionais clássicas, com tendência crescente de diagnóstico e notificação e grandes diferenças setoriais;
d) mudança no perfil ou padrões das doenças profissionais, com a identificação de outros efeitos desencadeados pelos mesmos agentes das doenças ocupacionais clássicas;
e) observação de ambos os padrões de efeitos da exposição a agentes tóxicos e poluentes: altas doses levando a efeitos agudos, de curta latência e baixas doses, levando a efeitos crônicos, de longa latência;
f) alta incidência em certos casos verdadeiras epidemias, de “doenças relacionadas ao trabalho”, porém de difícil reconhecimento pelas seguradoras e ausência de políticas e programas para sua prevenção e controle;
g) padrões mistos de morbidade e mortalidade geral, caracterizados pela coexistência das doenças infecciosas, parasitárias e carências e das crônico-degenerativas e da violência, caracterizando o duplo-perfil epidemiológico.
CONCLUSÃO
Considerando que o processo de globalização em curso, é irreversível e que tem trazido mudanças radicais em todas as esferas da vida social, particularmente trazendo doenças de toda ordem, é importante o engajamento de toda a sociedade e dos trabalhadores em particular, no processo de definição de estratégias de enfrentamento de suas conseqüências adversas.
Entre os procedimentos que podem ser adotados e que devem ser reforçados, deve constituir-se uma ‘agenda de trabalho’, capaz de fornecer: a ampliação da circulação de informações e ampliação de debate sobre essas doenças, com envolvimento social crescente que se transforme em atuação efetiva, com a utilização de modernos recursos disponíveis de comunicação, envolvimento da mídia, o intercâmbio de instrumentos de intervenção e negociação, como contratos, ações judiais, para proteção e melhoria das condições de vida das populações, saúde e do meio ambiente, bem como a proteção do emprego.
Muitas outras atividades podem aqui ser listadas, e deverão ser agregadas no exercício criativo e comprometido de construção de uma sociedade mais justa, ecologicamente sustentável, com menos doenças, resgatando a dimensão humana das pessoas e uma vida digna para todos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, R.Q. Projeto de Primeiro Mundo com conhecimento e trabalho do terceiro? Estudos Avançados, 7(17): 35-79, 1993.
SANTOS, M. et al. O novo mapa do mundo: fim de século e globalização. São Paulo: Hucitec, 1994.
Especialistas reunidos em congressos atribuem à globalização maior risco de epidemias. Disponível em www.estado.estado.com.br. Acesso em 13/jun.
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