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O MISTÉRIO DA ÁRVORE QUE CHORAVA - PARTE 2
TERROR
EMANNUEL ISAC

... Cíntia, ao mesmo tempo em que ficou apavorada, também ficou curiosa; mesmo com medo, ela aproximou-se da árvore e encostou o ouvido em seu tronco; os três segundos que se passaram, pareceram ser uma eternidade por cauda da tensão em que estava!

          Repentinamente, Cíntia saltou um grito e caiu sentada para trás; começou a afastar-se da aldragoa arrastando-se no chão, enquanto Inácio surpreso, a olhava:

          - O que houve? – Perguntou ele, ao tempo em que a levantava do chão;
          - A ..., a..., ár..., vore..., e..., ela..., fa..., falou... MAMÃE!
          - O quê?! Como Assim???
          - Eu ouvi!... uma voz falou “mamãe”!
          - Você deve estar nervosa por causa do que Vanessa falou lá na cozinha! - Disse Inácio, tentando acalmá-la;
          - Nervosa? Você também ouviu o gemido!
          - Deve ter sido o vento passando entre os galhos e o tronco!                    
          - O vento? Por acaso você sentiu algum vento hoje neste quintal? - Esbravejou ela;
Cíntia sacudiu a terra da roupa e voltando para dentro de casa, deu as costas para Inácio, deixando a pergunta no ar.

          Inácio permaneceu parado no quintal, olhando para a copa da árvore. Realmente as folhas permaneciam inertes, nem mesmo uma brisa passava pelas folhas e flores da aldragoa, e por falar em flores, Inácio lembrou que marcara encontro pra quela tarde, com o antigo proprietário da casa...      


          Às 14:25hs, Inácio estacionou seu Dublô em frente a uma livraria; gostava daquele carro por ser espaçoso e por ajudá-lo a carregar os materiais dos eventos que realizava. Olhou para o relógio e seguiu adiante, empurrou a porta e os sinos pendurados no outro lado, anunciaram a sua chegada:

          - Boa tarde!
          - Boa! - Respondeu Inácio;
          - Posso te ajudar em alguma coisa?
          - Eu sou o novo proprietário da casa que ligou para o senhor nesta manhã! - Disse Inácio, estendendo a mão;
          - Ah! Sim! O rapaz da árvore!
          - Eu mesmo! Inácio!
          - Roberto! Por favor, sente-se! - Roberto indicou para Inácio uma pequena mesa de madeira de jacarandá, ladeada por duas cadeiras do século XVIII;
          - Bem, você me falou a respeito de uma árvore... - Perguntou ele;
          - Sim, um pé de aldrago, que fica no meio do quintal – Inácio percebeu a mudança no seblante do homem sentado à sua frente, quando ele mencionou a árvore;
          - Aque.. aquela árvore... está de pé? - Perguntou Roberto assustado e surpreso;
          - Está! Mas por que a pergunta?
          - Não pode ser..., tem certeza? - Insistiu Roberto;
          - Tenho: uma aldragoa de mais ou menos dez metros de altura, bonita e super florida, apesar desta época;
          - Esta árvore, acabou com o meu casamento!
          - Como assim? - Perguntou Inácio;
          - Você não vai acreditar se eu te falar! - Disse Roberto cabisbaixo;
          - Que parece que a árvore fala?

          Roberto suspendeu a cabeça surpreso com a resposta de Inácio. Ficou olhando para ele e percebeu que Inácio já tinha percebido algo de estranho também:

          - Pois bem! Aquela maldita árvore, fez meu casamento entrar em ruínas!

          Inácio permaneceu em silêncio, esperando que Roberto prosseguisse:

          - ...Minha mulher começou a ouvir vozes vindo daquela árvore, como se fossem gemidos ou choro de criança, sabe?! Sufocado, preso...
          - Mas... você chegou a ouvir também? - Perguntou Inácio, interrompendo Roberto;
          - Não! No início eu nem acreditei na minha esposa. Mas depois que ela começou a acordar no meio da madrugada e ir deitar-se debaixo daquela árvore, eu achei que ela estava ficando louca...
          - E o que aconteceu depois? - Quis saber Inácio;
          - Uma certa noite, eu acordei no meio da noite e olhei pela janela – a mesma do quarto em que você deve estar agora – e minha esposa estava com um lençol abraçada com a árvore. Eu resmunguei por achar que a maluquice já estava passando dos limites...;
          - Hum... hum... - Fez Inácio apreensivo pelo desfecho da narrativa;
          - … Quando eu desci e perguntei a ela o que ela estava fazendo, ela me respondeu que a árvore pediu para que a “MAMÃE” a enrolasse, pois estava com frio!
          - Que a mamãe a enrolasse? - Indagou Inácio;
          - Foi nesse momento que eu acreditei ser mesmo loucura de minha mulher, pelo fato de não termos filhos.
          - Ela fez da árvore um filho? - Perguntou Inácio;
          - Pensei assim também; mas quando tentei tirá-la da árvore, eu ouvi cla-ra-men-te a voz de uma criança dizendo: “MAMÃE, ME ABRAÇA”!

          - Tem certeza?
          - Tão claramente, assim como estou te ouvindo falar comigo agora!
          - E depois desses fatos, o que o senhor fez?
          - Depois do susto que tomei, levei minha esposa para dentro de casa e ela só foi piorando com o passar do tempo. Sempre vivia dizendo que precisava cuidar de nossa menininha, que a mamãe precisava estar junto ao seu bebê!
          - A árvore?
          - Sim!
          - E o que aconteceu com sua esposa, como ela está? - Perguntou Inácio;
          - Eu precisei interná-la em um hospício, e ela se encontra lá, até hoje!
          - Sinto muito! Mas..., foi então por esta razão que o senhor se mudou e pôs a casa à venda?
          - Isso mesmo!
          - Mas..., me responde só mais uma coisa: o que o senhor quis dizer com “AQUELA ÁRVORE ESTÁ DE PÉ”?
          - Fazem quinze meses que eu saí daquela casa e você...- Roberto fez uma pausa esperando pela resposta de Inácio;
          - Tem mais ou menos um mês e meio que eu me mudei para lá...;
          - Pois é; por esta razão que eu estou surpreso!
          - Por que eu me mudei para aquela casa? - Perguntou Inácio;
          - Não! Pelo fato que ante de eu sair, eu cortei aquela árvore no toco e arranquei as suas raízes...

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