Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
A BONECA DE SOPHIA - PARTE I
TERROR
EMANNUEL ISAC

Resumo:
No dia das crianças, Sphia ganhou uma boneca de uma velha senhora. Sua mãe sem perceber, acaba levando para dentro de casa, aquilo que seria a maldição e destruição de sua família...

A BONECA DE SOPHIA (1ª PARTE)


       Aproximava-se o dia das crianças e Norma não sabia como compraria o presente de Sophia, sua filha de sete anos. As contas atrasadas, dinheiro curto, ganhando pouco e o marido desempregado, realmente não tinha ideia do que fazer, para presentear a filha caçula.

          Na véspera do dia, Sophia acordou cedo e foi até o quarto de sua mãe:
          - Mãe! Mãe!
          - Hãã...? O que foi Sophia? - Norma perguntou sem abrir os olhos;
          - Mãe, levanta! Vamos comprar minha boneca!
          - Tá..., tá bom...! Daqui à pouco! - Norma virou e puxou o lençol cobrindo a cabeça;   
          - Mas mãe, a loja...;
          - Depois Sophia! Mamãe tá cansada agora! - Norma ralhou com a filha que saiu do quarto chorando.
          Marcelo, o marido de Norma, ouvindo a conversa entre mãe e filha, virou-se para a mulher e perguntou:
          - Você conseguiu dinheiro para comprar a boneca que ela quer?;
          - Guardei um trocado, e não sei se vai dar! - Respondeu ela ainda meia sonolenta;
          - Dentro da gaveta, lá da peça, tem um dinheiro dos biscates desta semana, complete com o necessário! - Marcelo movia mundo e fundos, para agradar a filha.

          Por volta das 08:30hs, Norma levantou. Preparou o almoço, terminou as tarefas de casa e chamou Sophia para tomarem banho juntas, saíram antes das onze. Chegaram na avenida do comércio, onde ficava a maior concentração de lojas de brinquedos, e Norma começou a pesquisar os preços. Entraram em várias lojas mas as bonecas que Sophia escolhia, o valor não cabia no bolso de Norma.

          Ela já estava decidida a comprar uma boneca qualquer, quando entrou em uma rua quase deserta. Norma deu alguns passos pela rua e uma senhora com a cabeça e o rosto coberto por um lenço, a observou. Dois garotos saltaram de dentro de um beco na frente de Norma, e um deles empunhando um punhal, falou:
          - Passa a bolsa tia!
          Norma puxou Sophia para trás dela, enquanto o outro garoto avançava para pegar a bolsa de Norma, mas parou no meio do caminho, quando olhou por trás de Norma; deu dois passos para trás e saiu em disparada, seguido pelo amigo que tinha o punhal nas mãos.

          Norma começou a virar-se vagarosamente e encontrou a senhora parada, olhando fixamente para Sophia, com a metade do rosto coberto pelo lenço, e um sorriso na boca entre os dentes amarelados. A reação de Norma foi a de querer fugir com Sophia, mas a mulher logo falou:

          - Não se assuste minha filha! - Norma parou;
          - Não queria te assustar, mas aqueles moleques sempre roubam quem entra nesta rua!;
          - Me desculpe...! Eu..., é..., obrigado! - Norma finalmente agradeceu;
          - Eu estava procurando um presente para minha filha, quando entrei nesta rua, ai apareceram aqueles garotos e...;
          - Tudo bem! - Interrompeu a senhora;
          - Qual é o presente que procura para a pequenina? - Perguntou ela apontando para Sophia;
          - Uma boneca! Mas os preços estão... - Norma apontou o indicador para cima, demonstrando a altura dos preços;
          - Acho que posso te ajudar!
          - Como? - perguntou Norma;

          - Tenho uma lojinha na minha casa, no início da rua, vamos ver se ainda tenho alguma boneca! - A mulher virou-se e começou a caminhar.
          Norma permaneceu parada, olhando a mulher se afastar, quando Sophia a puxou pelas mãos:
          - Vamos mãe!
          - Calma Sophia!

          Norma seguiu nos passos de Sophia. Pararam em frente a uma pequena casa, mal iluminada e sem pintura. Norma olhou toda a fachada e viu escrito em uma tábua pendurada na porta: “CASA DA MÃE ANASTÁCIA – PRESENTES PARA O FUTURO”. Norma adentrou à casa observando as prateleiras, Sophia passou por uma cortina de palha e miçangas, voltando logo em seguida abraçada com uma caixa grande nas mãos:
          - Mamãe, mamãe, achei!!! - Sophia mal conseguia segurar a caixa;
          - Sophia, acho que a mamãe não tem dinheiro para comprar esta! - Norma falou após observar o tamanho da boneca.
          A mulher observava calada do canto da sala. Aproximou-se de Sophia e abaixou-se:
          - Você gostou dessa? - Perguntou;
          - Hum, hum... - Fez Sophia;
          - Então ela é sua! - A mulher passou a mão pelo rosto de Sophia e sorriu;
          - Me desculpe senhora, mas essa boneca deve ser cara e eu não tenho dinheiro para comprá-la! - Norma tomou a caixa das mãos de Sophia para entregar para a mulher;
          - A senhora não entendeu; não estou vendendo, eu a dei de presente para sua filha! - A mulher empurrou as mãos de Norma de volta;
          - Com o assim, não estou entendendo?;
          - Sua filha me lembra a minha pequena Ester!
          - E onde ela se encontra agora? - Quis saber Norma;
          - Infelizmente, não mais no mundo dos vivos! - Respondeu a mulher;
          - Sinto muito! - Norma se compadeceu dela;
          - Mesmo assim, acho melhor não aceitar. Esta boneca deve lhe trazer boas recordações de sua filha!;
          - O que tinha de viver, já viví! Ela vai ter melhor serventia com alguém que vai cuidar bem dela! - A mulher apontou para Sophia que estava abraçada com a caixa da boneca, e observava Norma com os olhos cheios de lágrimas;
          - Tudo bem! Mas faço questão de deixar pelo menos alguma coisa para a senhora! - Abriu a bolsa para pegar a carteira;
          - Não! Não! Isso realmente não é necessário! - A mulher segurou as mãos de Norma;
          - Não tenho como lhe agradecer! - Norma sorriu;
          - Vá, seja feliz com sua filha! - A mulher foi até a porta e abriu para Norma e Sophia saírem.
             Norma agradeceu mais uma vez e dobrou a esquina. A mulher fechou a porta e retirou o lenço que cobria seu rosto; partes de pele de sua face vieram juntas com o lenço, provocando dores horripilantes...

Número de vezes que este texto foi lido: 61642


Outros títulos do mesmo autor

Poesias CACHOS EMANNUEL ISAC
Poesias GUERREIRA EMANNUEL ISAC
Poesias REENCONTRO EMANNUEL ISAC
Poesias SILÊNCIO EMANNUEL ISAC
Poesias S O L I D Ã O EMANNUEL ISAC
Poesias MINHA METADE EMANNUEL ISAC
Contos FETICHE EMANNUEL ISAC
Poesias I N C Ó G N I T O EMANNUEL ISAC
Contos O MENINO DO PARQUE - PARTE I EMANNUEL ISAC
Contos O MENINO DO PARQUE - PARTE FINAL EMANNUEL ISAC

Páginas: Próxima Última

Publicações de número 1 até 10 de um total de 111.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
Jornada pela falha - José Raphael Daher 63670 Visitas
Os Dias - Luiz Edmundo Alves 63590 Visitas
O Cônego ou Metafísica do Estilo - Machado de Assis 63412 Visitas
Insônia - Luiz Edmundo Alves 63367 Visitas
Namorados - Luiz Edmundo Alves 63340 Visitas
Viver! - Machado de Assis 63332 Visitas
A ELA - Machado de Assis 63219 Visitas
Negócio jurídico - Isadora Welzel 63082 Visitas
Eu? - José Heber de Souza Aguiar 63070 Visitas
Jazz (ou Música e Tomates) - Sérgio Vale 62955 Visitas

Páginas: Próxima Última