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A BELA DA PRAIA
EMANNUEL ISAC

Resumo:
Carlos passeia pela praia, quando encontra uma linda mulher e se envolve com ela...

Eram quase oito da noite quando Carlos chegou do trabalho. Cansado e exausto de mais um dia infernalmente terrível, deixou-se cair no sofá. Olhou o relógio por mais de cinco vezes; não queria ficar alí. Aquele apartamento lhe trazia recordações tristes, alegres e ao mesmo tempo de alívio por ter rompido um relacionamento desgastante de quatro anos.
          Pronto! Iria caminhar na praia! Calçou a sandália de couro mole, vestiu um bermudão branco (que adorava), uma camiseta meia manga e foi-se, sem se preocupar qual rumo seguir.
          Depois de algum tempo perambulando pelas areias finas, já pensava em retornar, quando do nada, percebeu uma mulher caminhando em sua direção; cabelos loiros alvoraçados pelo vento, sapatos vermelhos na mesma cor do vestido, um perfume que Carlos sabia, já ter sentido antes, em algum lugar, mas que não lembrava agora!
          Pensou: - quem era tão maluco quanto ele para andar por aquelas bandas naquelas horas? Foi pego quase que de surpresa quando ouviu a mulher lhe perguntar:
          - Tem horas? Meio que atônito, respondeu:
          - São onze..., melhor; faltam dez para às onze. Ela lhe sorriu, agradeceu e quase virando-se para ir embora, Carlos lhe fez um convite:
          - Aceita tomar alguma coisa comigo? Se ele pudesse perceber o sorriso pelo canto da boca e o brilho nos olhos daquela estranha, como se já estivesse esperando por aquilo...:
          - Se não for demorar...
          Carlos se sentiu como que tivesse conquistado um prêmio de loteria..., aquela mulher linda, bela, corpo fenomenal, àquela hora da noite, aceitando um convite de um desconhecido..., mas aquele cheiro de perfume lhe martelava a mente! sabia que já o tinha sentido antes, mas a onde? Que importa isso agora? Pensou!
          Sentaram-se em um quiosque distante, e começaram a conversar:
          - Você mora por aqui? Começou Carlos, meio tímido...
          - Já morei..., há bastante tempo!
          - Há bastante tempo? Eu moro há quase vinte e cinco anos aquí e conheço pratica-mente todos os moradores, mas você, eu confesso que nunca a tinha visto antes!
          Ela lançou-lhe um olhar frio e penetrante, que lhe fez arrepiar todo o corpo:
          - Não costumo sair muito. Só em ocasiões “especiais”!
          O que haveria de tão especial em uma noite sem lua e que começava a esfriar? Será pelo fato de estarmos nos conhecendo? Conjecturou ele:
          - Olha, tá ficando tarde e eu moro aqui perto. Se quiser, podemos terminar essa conversa lá em...
          - Tudo bem! Exclamou ela interrompendo Carlos e já se pondo de pé! Surpreso com a resposta rápida da mulher, levantou e indicando-lhe o caminho, puseram-se a caminhar.
          Mal entraram no apartamento, ela lhe agarrou o pescoço, beijando a sua face, aper- tando seu corpo ao dele. Carlos meio embriago por aquele perfume e ansioso, tentou se recompor daquela ação mas, acabou por se entregar ao momento.
          Esgotado após o ato sexual, deixou o corpo pender para o lado direito da cama e adormeceu. Acordou subtamente com o barulho do telefone tocando. Instintivamente, olhou para o outro lado da cama, mas não encontrou ninguém:
          - A...aah!...lô? - Atendeu bocejando;
          - Carlos?
          - Sim?
          - Sou eu, o Luís. Desculpe por telefonar nesse horário mas, tenho que lhe dar uma notícia... - Carlos permaneceu em silêncio, esperando que Luís terminasse a frase; Minha tia faleceu (outra pausa), o corpo vai ser velado aquí em casa. Você pode vir?
          Carlos bocejou mais uma vez antes de responder:
-     Claro! Estarei aí em breve!
          Foi para o chuveiro pensando na noite incrível que teve com aquela mulher. Lembrou que esqueceu de perguntar o seu nome e telefone; “nem que eu tenha que caminhar todas as noites pela praia até encontrá-la novamente, eu farei”! Decidiu ele.
          … Pouco tempo depois, chegou à casa de seu amigo de infância. Queria contar-lhe a

aventura da noite passada, mas a ocasião não era propícia. Entrou na casa cumprimentando todos os conhecidos até chegar na sala onde Luís estava. Ao entrar, sentiu o mesmo cheiro do perfume que tinha percebido naquela mulher. Ansioso e desesperado, olhou para todos os lados na esperança de a encontrar. Nada!
          Atordoado, viu quando Luís se aproximou com um buquê de sorrisos nas mãos e percebeu que aquele perfume emanava das flores. Foi quando olhou para cima do altar e viu duas fotos; uma da tia recentemente falecida do Luís, a outra, exatamente a mulher que estivera com ele na praia, no seu apartamento, em sua cama..., perdeu o chão!:
          - E..., Es..., Essa mulher (perguntou apontando para a foto), quem é??? Carlos suava frio e o corpo todo tremia;
          - Não lembra? Indagou Luís - essa era a Cíntia, minha outra tia que faleceu quando ainda éramos crianças!
          - Mo..., Morre.., Morreu? Fa..., Fa...Faleceu? Gaguejou;
          - Sim Carlos! Lembra que ela brincava com você dizendo que quando você crescesse, você iria ser o namorado dela? - Carlos tremeu mais ainda – lembro como você chorou ao colocar um ramalhete de sorrisos no túmulo dela; você falava que jamais iria esquecer aquele vestido vermelho e o perfume das flores...,
          Carlos desabou!...

                    EMANNUEL ISAC



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