Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
"Qual o real da POESIA?"
Tânia Du Bois

Há uma pergunta fundamental para compreender as poesias do escritor mineiro Francisco Alvim, chamado por Cacaso “o poeta da fala coletiva”, que criou um estilo pessoal, a partir da fala coletiva brasileira.

“Sol / Esta água é um deserto /
O mundo, uma fantasia / O mar,
de olhos abertos / engolindo-se
azul // Qual o real da poesia?”

O poeta cria poesia onde o real fica cada vez mais incerto, definindo melhor sua sensibilidade poética, mostrando assim seu caminho literário.
Na visão de Miguel Sanches Neto, “Francisco Alvim é órfão do real”, sendo considerado o poeta da distância no tempo e no espaço.

“... corredores do tempo / paredes
além da história / súbito o mundo /
perde o enredo.”

Alvim é levado pelo sentimento drummondiano de amar o perdido, isto é, a vida acontece à revelia do poeta.

“Dois cegos viajam no ônibus / A gente
das ruas move-se contra um imutável
muro cinza / Súbito / o eclipse iguala
todas as faces / Órbitas vazadas / Cegos.”

Ele é mestre da poesia moderna, com crítica e cunho social. Também, nele encontramos uma visão irônica e impessoal, em muitos textos, funcionando como condição estrangeira no território político.

“Se o seu país é assim- / tão bom- /
por que não volta?”

Além de ser literatura de figuração, ele também tematiza a solidão em sua lírica, nos dando a sensação de que o teor dos poemas apresentados acontece o tempo todo ao nosso redor.

“O dia profundo / me mostra seu fundo: / olhar o amor / ferindo a paisagem /
branca da montanha. / Voam as horas /
na pele da alma / posta ao relento /
do cego sentimento. // Sonho o esquecimento?”

Francisco Alvim apresenta uma obra envolvente, sendo gratificante desvendar as verdades ocultas e, ao mesmo tempo, descobrir na sua poesia o mundo que realmente nos cerca, deixando no ar, implicitamente, a mesma pergunta para cada leitor: “Qual o real da Poesia?”


Biografia:
Pedagoga. Articulista e cronista. Textos publicados em sites e blogs.Participante e colaboradora do Projeto Passo Fundo. Autora dos livros: Amantes nas Entrelinhas, O Exercício das Vozes, Autópsia do Invisível, Comércio de Ilusões, O Eco dos Objetos - cabides da memória , Arte em Movimento, Vidas Desamarradas, Entrelaços,Eles em Diferentes Dias e A Linguagem da Diferença.
Número de vezes que este texto foi lido: 61696


Outros títulos do mesmo autor

Artigos MÃES: o espaço das palavras Tânia Du Bois
Artigos DESCOBERTA FANTÁSTICA Tânia Du Bois
Resenhas DE ONDE VÊM AS IDEIAS? Tânia Du Bois
Artigos PORTINARI, entre traços Tânia Du Bois
Artigos NA MOLDURA DA JANELA : A COR DA FLOR Tânia Du Bois
Artigos NÚMEROS RECONTADOS Tânia Du Bois
Artigos Tempo: A MELHOR MEDIDA É A DA POESIA Tânia Du Bois
Artigos MULHER Tânia Du Bois
Artigos de pó em palavra: COADOR Tânia Du Bois
Artigos “Será Que Ele É?” Tânia Du Bois

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última

Publicações de número 311 até 320 de um total de 340.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
El efímero paso de la eternidad - Teódulo López Meléndez 62010 Visitas
Fazendo Paixão - José Ernesto Kappel 62010 Visitas
REFLEXÃO - MARCO AURÉLIO BICALHO DE ABREU CHAGAS 62010 Visitas
O Castelo - José Ernesto Kappel 62010 Visitas
BATICO - Orlando Batista dos Santos 62009 Visitas
PHILOSOPHIA - Martinho Ferreira de Lima 62009 Visitas
O Cuidar e o Educar na Educação Infantil - Joisa Margarete Taube da Veiga 62008 Visitas
Homem de Dor - José Ernesto Kappel 62008 Visitas
Chico deu continuidade às obras de Kardec - Henrique Pompilio de Araujo 62007 Visitas
Papel de Rabiscar - José Ernesto Kappel 62007 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última