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“Será Que Ele É?”
Tânia Du Bois

por Tânia Du Bois

     “Brasileiro é alegre, um ser dotado de uma musicalidade incrível”.
                                                                             (Bibi Ferreira)

     Trinta anos depois, relato o meu melhor carnaval. Essa história transcorreu numa época em que a maioria das pessoas “pulava” carnaval nos clubes de suas cidades. Os bailes eram luminosos, elegantes e muito alegres.
     Num verão, com os amigos e parentes, conversando sobre a próxima noite de carnaval, eu falei que as mesas e a entrada no clube seriam gratuitas se formássemos um bloco. Todos adoraram a ideia, mas com qual fantasia? Não tínhamos nada preparado ou organizado. E era para hoje!
     Na praia de Albatroz não havia loja de tecidos e, muito menos, loja que vendesse fantasias. Também, não tínhamos pensado em um nome para o bloco.
     Pensamos primeiro nas fantasias. Sugeri que arrancássemos as cortinas da minha casa e com o tecido confeccionássemos as nossas fantasias. Em mutirão, sem máquina de costura, todos trabalharam. Costuramos à mão, com a participação de todos, cada uma das fantasias.
     De maneira pouco convencional, mas divertida, todos pareciam ter vida interior, como estrelas que brilhavam, quando completamos o trabalho. Foi um momento único de muita “serpentina e purpurina”. Muita alegria devida à união entre os participantes; a satisfação de realizarmos um “capricho”     e, ainda, guardarmos um “fiapo” de fôlego para começarmos os “feitos” no baile.
     Prontas as fantasias, passamos para a escolha do nome do bloco. Escolhemos “Será Que Ele É?”. É o refrão do clássico carnavalesco “A Cabeleira do Zezé”. Todos sabiam cantar e os homens – na época – usavam cabelos compridos.
     A bem da verdade, o nome foi escolhido porque não tínhamos certeza de que seríamos considerados como bloco. Também, porque a estrutura fonética, a voz, o som, o uso das palavras, tinham sentido inovador, “pra frente”, como era o nosso pensamento. A marchinha foi lançada em 1964 e continua sendo cantada, transmitida de geração em geração.
     Conseguimos os ingressos e as mesas. Nosso bloco fez o maior sucesso, fazendo com que nos sentíssemos modernos e “pra frentex”.
     Em tempos momescos essa lembrança ficou para sempre como carnavais que não voltam mais: “Será Que Ele É?”:

                       “Será que ele é bossa nova?
          Será que ele é Maomé?
          Parece que é transviado,
          Mas isso eu não sei se ele é...”.


Biografia:
Pedagoga. Articulista e cronista. Textos publicados em sites e blogs.Participante e colaboradora do Projeto Passo Fundo. Autora dos livros: Amantes nas Entrelinhas, O Exercício das Vozes, Autópsia do Invisível, Comércio de Ilusões, O Eco dos Objetos - cabides da memória , Arte em Movimento, Vidas Desamarradas, Entrelaços,Eles em Diferentes Dias e A Linguagem da Diferença.
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