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O visitante.
Dudu Oliveira

Havia tempos que não experimentava o vazio desta saudade consumada, desta memória imortal. Um tempo sem velhice. O confinamento numa eternidade absoluta. Uma memória que se foi enevoando sem abater sua figura, indevassável e imutável, neste tempo cristalino que jamais passará.
Para sempre serei seu menino, agarrado nesta mão, sustentando este fiapo de vida que foi nos separando, este frio que foi se instalando enquanto chorávamos...
Nosso jogo de bola, rir de coisa alguma, feliz de uma felicidade sem motivo, rir do seu riso...
Olho em volta todos estão tristes, as mãos trancando uma prece travada... Não estou triste não, é este vazio que foi devastando nossas alegrias.
Sinto falta do seu abraço, da sua loção de barba, a vibração da sua voz, quanta coisa foi se reduzindo à sua presença, e agora tudo o que me falta retorna na tua ausência.
Sinto um vazio só de lembrar do hospital, naquelas vidas mantidas por esperanças, fraquejando diante da fragilidade da fé. Corredores impregnados dos odores da morte, que foi entranhando até tornar-se parte da nossa pessoa. O convívio com a dor, um exercício inominável de tristeza e temor.
Havia uma sensação da vida desgarrando das pessoas, transitando nos corredores que chegava aos ossos.
Queria que você soubesse que tenho saudades, que pouco falei que te amava e quanto me orgulhava ser seu filho. Este tempo passou tão rápido, ficou tanta coisa por dizer... Eu queria dizer que te amo, mais uma vez, e que você entendesse o tamanho da gratidão e da felicidade que vai dentro deste amor.
A morte é um mistério, entristece e ensina. Esgota as certezas e obriga tudo a se renovar, mas esta saudade, este amor vai se expandindo até que esta ausência conduza a uma sabedoria. Espero que a morte não lhe seja triste, pai. Não a sinto assim. Está tarde tenho que ir.
Cuida do mundo, que eu fico com Deus...

                                    * com o auxílio luxuoso do Amargo.

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