Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Ouvidor do Rei
José Ernesto Kappel

Recebo ordens
e me calo,
como um pássaro acuado.

Recebo ordens
e deixo a vida passar.

Eles me confundem com
pajens mal pagos
e doloridos.

Se cores vazias
escorrem pelo meu corpo
é culpa dos intempéries da ordem.

É ordem superior –
me acautelam – é do
Mestre, do Ouvidor do
Rei de poucas terras.
Mas são ordens!

Em que precipício cai?

Vindo não sei de onde,
E sempre partindo malaio
tentando alcançar algum amanhã.
sem parche.

Mas são ordens
do ordenança que só é pago
para cobrar meus feitos
E meus mal afiliados desastres.

Um dia, homem posto,
de uniforme rotudo,
cetins priscos e sapatos
galhardos,
recebi ordens da rainha
que, pobre como eu,
também as recebia.

E ela me pediu, suplicou,
e eu mal diga, deixou-se
em lágrimas, pedindo um sofoco
de ajuda.

E como nunca fui herói
nem guerreiro, nem dos centuriões,
e menos ainda na vida real,
Acalentei suas ordens.

Eram simples e polutas:

Queria um dia saborear o
frescor da noite e apaziguar-se ao
orvalho, ao brilho do sol e
penetrar por campos floridos.

E, tomado por destemido,
lá fui eu com as ordens
nas mãos, e uma alegria no coração.

Então as cumpri
de tomado:

Trouxe para ela outra rainha,
meiga, olhos esverdeados
de pura alegria, terna e
companheira.
Mulher de gente, sem ordens,
pura, cristalina como a água
mais pura, dengosa e cheia
de meigos e afetos norteados.

Mulher de gente, mulher amada.

Ah! Vivazes companheiras que
já morreram!

E a ela levei.

Então,as duas, horas sem fim,
dias e dias, e depois, como
contam as fadas, anos imensos
e iluminados,
onde só resplandecia o verão,
as duas se amaram como
flores simples de um jardim
querido.

As duas viveram juntas,
longe do olhar suspeito do
poderoso rei que só se satisfazia
em caçadas plenas.

E me tornei herói em seu coração
por cumprir uma simples ordem
da generosa rainha.

E um dia, já velho,
morando nos costados do
castelo, recebi estas singelas
palavras numa carta esmorecida
de perfume humano:

“Meu encanto, por ordem
minha e de minha amada,
e também, desejo do meu espírito,
consegui vislumbrar a noite
majestosa, de estrelas simples;
me banhei ao luar e me escorri pelo
orvalho simples que me aproximava
da noite, onde cálidas mãos me
atordoavam de alegrias.

Numa vida, ganhei duas.
e agradeço ao nobre ordenança
por ter conhecido as raízes da terra
e o outro do mundo onde só o
sol brilha.

Agradeço por meu
mundo ter penetrado
e lá descoberto meus anseios
e nobres desejos.

Por isso lhe remeto esta
flor de sua rainha, hoje e sempre,
sua estrela da sorte, sua, agora e sempre,
duas criada por inteiro.”

Número de vezes que este texto foi lido: 61796


Outros títulos do mesmo autor

Poesias Corpo Que Vacila José Ernesto Kappel
Poesias Esquecido José Ernesto Kappel
Poesias Compra e Venda José Ernesto Kappel
Poesias Minha Vida José Ernesto Kappel
Poesias Procuras José Ernesto Kappel
Poesias Afagos do Tempo José Ernesto Kappel
Poesias Jardim Mágico José Ernesto Kappel
Poesias Minha Terra José Ernesto Kappel
Poesias Todo Desejo José Ernesto Kappel
Poesias Início e Sem Fim José Ernesto Kappel

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última

Publicações de número 451 até 460 de um total de 464.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
João e meus dois amores - Cláudio Thomás Bornstein 61964 Visitas
Horizonte - Ivone Boechat 61964 Visitas
Roupa de Passar - José Ernesto Kappel 61964 Visitas
Minha Vida - José Ernesto Kappel 61964 Visitas
Timidez 1 - Henrique de Shivas 61964 Visitas
Agora o ano começou - Flora Fernweh 61963 Visitas
Friedrich Hegel e o idealismo absoluto - Giulio Romeo 61963 Visitas
*ELOS DA LIBERDADE* - DIANA LORENA 61963 Visitas
*MEU CORAÇÃO PAROU* - DIANA LORENA 61963 Visitas
As velas do Natal - Ivone Boechat 61963 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última