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A Irrealidade de se Viver
GILLIARD ALVES RODRIGUES


             Clarividência

Fique mais um pouco ao meu lado,
Você parece um anjo enquanto dorme
Não sei o que seria de mim sem você,
Você também se esqueceu dessas frases?
É difícil encarar essa cama tão ausente do teu corpo
Sempre falta alguma coisa
Falta você no meu mundo
E as palavras que foram ditas
Não podem mais ser silenciadas.

Queria te mostrar hoje o quanto você estava errado ao meu respeito,
Nosso filhinho ainda tão inocente da maldade das pessoas
Já nos odeia, precocemente.
Queria te provar que te amo muito mais do que antes,
E se existe um crime hediondo no mundo
Esse crime é a traição
É imperdoável trair a si mesmo
Trair ao que se sente
Trair ao que se acredita é inaceitável.
Construir o caráter de uma criança por meio de imagens e opiniões falsificadas
Pela nossa mágoa que conservamos um do outro.
Quem é o culpado pela nossa infelicidade?
Saber quem é vai modificar o que foi feito?

A saudade pode levar até mesmo uma alma inteligente e forte
Para o cais do Desespero.

Tudo o que vejo nesse instante se torna já em si o passado,
Um passado relembrado inutilmente,
Um passado enjaulado na memória em vão,
E o amanhã é um abismo sem ponte,
O amanhã será nossa vitória invencível,
Será nosso triunfo sem troféus,
O amanhã será as lágrimas que nos darão tarde demais,
Mas o amanhã jamais existiu,
O amanhã é a sombra nefasta da morte a nos fazer caretas,
O amanhã é a ampulheta que nosso braço hipotético jamais alcança.

Vontade angustiante de te beijar de novo,
De te ter em mim,
De sentir tua pele queimando minha alma,
E minhas unhas rasgariam o véu da Hipocrisia e o do Rancor
que nos afastou um do outro meu amor.

Lembra da primeira vez que nos beijamos?
Estava tão nervosa, aflita,
Mas me sentia viva, e muito feliz.

Nosso filho dorme.
Ele se parece tanto contigo.
Nosso filhinho nunca nos perdoará por não ter nascido.
Saio de casa com as mãos nos bolsos,
E saio de casa na esperança de não ter esperanças por você voltar.
A estrada asfaltada de minha decadência adormece o meu olhar.


A saudade pode levar até mesmo uma alma inteligente e forte
Para o cais do Desespero.









                 ABSTRAÇÕES DE REALIDADES


Olho-me no espelho do banheiro. Olho-me...
Essa imagem é minha mesmo?
Apalpo meu rosto. Não consigo ter uma confirmação convincente.
Fixo minha atenção para minhas mãos.
Meus dedos se mexem com uma única ordem do meu pensamento.
Incrível! Coisas denominadas de “espelhos” as quais refletem “imagens”.
Não, chega por hoje! Todo espelho é uma mentira.
Presos em um mundo que gira ao redor de si mesmo,
e ao redor de uma estrela apelidada de sol. Isso é uma piada?
Querem que eu engula esses conceitos mitológicos?

Chega. Como pode tudo isso ser real,
como pode eu estar aqui? Aqui… Onde está mesmo esse “aqui”?
Não venham me embrutecer com essa estória pueril sobre Deus…
Deus está agorinha mesmo diante de um espelho em seu quarto,
Chorando inconsolavelmente,
perguntando-se como Ele próprio veio a existir.
E Jesus lhe responde: _ Isso é mistério meu Pai.

Eu não poderia existir de fato,
Tão pouco essa caneta e essa folha onde escrevo para expressar algo significativo.
Significativo pra que?
Todos os nossos significados essenciais são no fundo insignificantes.

A dramaturgia quixotesca de ser!
O sofá na sala representando fielmente seu personagem talhado;
A televisão inventada para o propósito do pseudo-entretedimento;
Livros na estante (para ser lidos?)
Facas na gaveta (para cortar coisas?)
Camas nos quartos (para se deitar e dormir?)
Canetas e lápis (servem pra que mesmo?)
Arquétipos cadavéricos da existência os quais exteriorizam a futilidade de Existir,
E a burguesia contemporânea encarcerada e cega pelas liturgias do Cotidiano.

Para que afinal de contas algo deve Existir?
Para cumprir finalidades específicas?
Haver vida é um absurdo,
Estar sentado aqui, nesta cadeira,
Inserido em um Universo cogitado como infinito
té algo totalmente absurdo.
Não há sentido algum em algo existir,
Seja o que for…

Apalpo o espelho do banheiro.
Essa imagem refletida não me convence de nada.
A torneira e a pia,
O chuveiro, o sabonete,
Todas essas coisas feitas para uma meta específica!!!

Ridículo,
Tudo isso é o cúmulo da ridicularidade.

E depois se morre,
Sim, morre-se de verdade,
Como se existíssemos mesmos,
Se morre pra valer.
Contudo até a tão temida senhora Morte foi transmutada em um mero elevador
que ora sobe para o “paraíso divino”,
ora desce para o “fogo eterno”.
Me dá vontade de ri,
de ri muito entenderam…

Metrópoles construídas sob os alicerces da irrealidade.
Levem-me pra bem longe,
Arranquem-me dessa loucura idiota,
Até mesmo em se pensar que se está pensando é algo difícil de se acreditar.

Nada deveria existir.
Nada mesmo!
Jesus olha para o Deus-Pai,
e depois para o espírito santo que flutua sabe-se lá como,
e então ele baixa a cabeça tristemente,
sem entender como tudo aquilo pode ser verdadeiramente real.

Mas é preciso representar a todo custo o papel de “ser um Deus”,
Ou de ser um messias,
Ou de ser um professor, um bancário, um pescador, um presidente,
Um escritor, um artista, ou de ser um comerciante,
Não importa,
É preciso representar essa insanidade de Existir de modo convincente.

Somos os Heróis diletantes do Nada.



as poesias acima são de autoria de:
gilliard alves rodrigues,
E-mail: gilliardangel@yahoo.com.br


Biografia:
sou formando no curso superior de letras, tenho vinte e sete anos, trabalho numa loja de informática, sou um estudioso da filosofia, literatura e do rock.
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Publicações de número 11 até 14 de um total de 14.


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