Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Principia a primavera
Gladyston costa

Mais uma vez, a parábola desenhada no espaço, pela terra, traz o início de uma nova estação, setembro avança, é quase fim de inverno. A nova estação, a primavera, vem chegando lenta e com a suavidade costumeira, lá fora uma chuva fina desmancha a secura do ar. Nesta manhã de domingo o silêncio é quebrado pelo ronco distante dos trovões e pelo chiado das águas que alcançam o chão. Contrariando a estridente metrópole, a manhã é silenciosa e o barulho das águas é um mantra que abraça o corpo e o leva a lugares distantes. Em um minuto já se está longe... As paredes retilíneas dos prédios são trocadas pela silhueta dos morros que cercam o vale profundo, decorado por densa mata verde, flores de manacá e ipês se espalham pelas encostas e colorem a paisagem. O cheiro de terra molhada se mistura ao perfume das flores do lírio do brejo. A floresta está em concerto, no ar o som das águas, das folhas nos galhos em balanço, dos pios e dos assovios dos pássaros que se abrigam na densa vegetação, perfeita harmonia. As águas escorrem desde o alto da serra até o fundo do vale, ganham o leito do rio de águas claras e seguem seu curso natural. Com a mudança de estação, a primavera retorna trazendo o frescor das águas da chuva e um novo ciclo de vida. O colorido das flores lá fora, os sabiás laranjeira, sanhaços e toda sorte de passarinhos construindo ninhos, dão à estação uma magia peculiar. Da janela aberta no quarto, a visão das gotas d’água que caem do telhado, traduz o movimento cíclico das coisas do mundo. Assim como a terra se movimenta para alcançar, a cada período, uma nova estação, as águas, após longa viagem, chegam trazendo a certeza da renovação. Em tempos de medo e de estupidez, onde a ganância de homens incautos queima florestas e fere de morte a existência, perceber a natureza cíclica do universo é um alento. A natureza, alheia à fé ou à razão do homem, pertence a ela própria, nascimento, vida e transformação sem fim! Intangível à compreensão. O mundo gira em movimentos de translação e rotação, o tempo é em essência esse movimento, a estação que principia em chegar, definitivamente, marca um novo tempo. A metrópole com seu mar de prédios, ruas e avenidas, para além da janela do quarto, está mergulha em um incerto silêncio nesta manhã. A primavera se aproxima, é tempo de reencontro e contemplação.


Gladyston Costa


Biografia:
-
Número de vezes que este texto foi lido: 63927


Outros títulos do mesmo autor

Crônicas Pão de Ló Gladyston costa
Contos Esporádica companhia Gladyston costa
Poesias Indolente sedutor Gladyston costa
Crônicas Asas sobre sampa Gladyston costa
Poesias Abraço Gladyston costa
Poesias Água doce Gladyston costa
Crônicas Na borda da banheira Gladyston costa
Poesias Ladeira da misericórdia Gladyston costa
Crônicas Principia a primavera Gladyston costa
Crônicas Divagações sobre um poema Gladyston costa

Páginas: Próxima Última

Publicações de número 1 até 10 de um total de 48.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
O sofrimento desnuda - Kinara Vitória de Sousa Santos 64366 Visitas
Derecho al agua potable - Yuran Lukeny Antonio Mulenza 64073 Visitas
A Voz dos Poetas - R. Roldan-Roldan 64073 Visitas
Hoje - Waly Salomão (in memorian) 64063 Visitas
Faça alguém feliz - 64061 Visitas
Linda Mulher - valmir viana 64038 Visitas
Menino de rua - Condorcet Aranha 64038 Visitas
A ELA - Machado de Assis 64027 Visitas
"Caminantes" - CRISTIANE GRANDO 64024 Visitas
frase 499 - Anderson C. D. de Oliveira 64023 Visitas

Páginas: Próxima Última